O Google anunciou nesta sexta-feira que vai deixar de escanear o conteúdo das caixas de entrada dos usuários do Gmail para segmentação de anúncios, levando ao fim uma prática que alimentou preocupações sobre privacidade desde que o serviço de e-mail gratuito foi lançado.
Uma declaração do Google reportou que os usuários do Gmail ainda verão anúncios "personalizados" e mensagens de marketing, mas estes seriam baseados em outros dados, que podem incluir consultas de pesquisa ou hábitos de navegação.
A vice-presidente sênior da Google Cloud, Diane Greene, informou em um blog que o serviço gratuito do Gmail vai passar a seguir as mesmas práticas que o e-mail corporativo G Suite Gmail.
"O conteúdo do consumidor do Gmail não será usado ou escaneado para qualquer personalização de anúncios após essa alteração", disse Greene.
"Esta decisão coloca os anúncios do Gmail em linha com a forma como personalizamos anúncios para outros produtos do Google. Os anúncios apresentados são baseados nas configurações dos usuários. Os usuários podem alterar essas configurações a qualquer momento, incluindo a desativação da personalização de anúncios", acrescentou.
Ativistas da privacidade denunciam que o rastreamento de conteúdos de e-mail equivale a "espionagem" injustificada aos usuários.
No início deste ano, o gigante da internet chegou a um acordo em uma ação coletiva sobre o tema, mas um juiz federal rejeitou o pacto como inadequado.
A juíza distrital americana Lucy Koh decidiu em março que o acordo era difícil de se entender e "não revela claramente o fato de que o Google intercepta, rastreia e analisa o conteúdo de e-mails enviados por usuários que não são do Gmail para usuários do Gmail com a finalidade de criar perfis de usuários dos usuários do Gmail para criar publicidade direcionada".
Danny Sullivan, editor fundador do blog online Search Engine Land, disse que a iniciativa é uma "grande mudança" para o Gmail, observando que o rastreamento dos conteúdos de e-mail "foi o maior golpe contra os serviços desde que começou".
"Por outro lado, saber que o Google tem melhores informações agora sobre como alvejá-los do que lendo seus e-mails tranquiliza os consumidores?", questionou Sullivan no Twitter.
.