Três ex-executivos da empresa que administrava a central nuclear de Fukushima, que sofreu um grave acidente após o tsunami de 2011, compareceram nesta sexta-feira a um tribunal para o primeiro processo penal, muito aguardado pelas vítimas.
O presidente do conselho de administração do grupo Tokyo Electric Power (Tepco) no momento da tragédia, Tsunehisa Katsumata (77 anos), e dois vice-presidentes, Sakae Muto (66 anos) e Ichiro Takekuro (71 anos), estão sendo julgados por "negligência", seis anos depois do acidente nuclear mais grave desde Chernobyl (Ucrânia) em 1986, um drama que uma comissão de inquérito chamou de "catástrofe de origem humana".
Os três, que se declaram inocentes, são acusados de não terem reforçado as medidas de precaução ante a hipótese de um tsunami que poderia superar os critérios usados na construção e manutenção da central de Fukushima Daiichi (nordeste).
Mais de 100 pessoas compareceram ao tribunal, várias procedentes de Fukushima, incluindo Ruiko Muto, presidente da associação que denunciou o caso.
"Quem é o responsável, que encadeamentos de eventos levou a este acidente, ainda não sabemos. E se não questionarmos sobres as responsabilidades, uma tragédia histórica assim poderia voltar a acontecer", declarou à AFP.
"A vida de muitas pessoas foi afetada e quero que os acusados sejam conscientes de sua ira e dor", insistiu.
Os demandantes consideram os ex-diretores da empresa responsáveis pela morte de 44 pessoas levadas para o hospital de Futaba, a alguns quilômetros da central, assim como pelos ferimentos de outras 13 vítimas.
As autoridades insistem que nenhuma morte foi provocada por razões diretamente relacionadas com as radiações emitidas pelos três reatores acidentados na central de Fukushima Daiichi. Mas admitem que aconteceram "mortes vinculadas" à operação de retirada.
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