Quando chegou ao poder, esperava-se que Theresa May trouxesse calma ao Reino Unido após toda a agitação provocada pelo Brexit. Um ano mais tarde, a primeira-ministra vive um governo em suspenso e os contornos do Brexit são cada vez mais nebulosos.
Com um ano de governo, a primeira-ministra fez um pronunciamento em que pede à oposição para "relevar os desafios que o país enfrenta" e ajudá-la a implementar suas políticas, após a derrota nas eleições legislativas de 8 de junho, em que o seu partido perdeu a maioria absoluta do Parlamento.
May, de 60 anos, avançou o calendário das eleições confiante de que sairia delas mais forte para negociar com a União Europeia.
Eleita em 13 de julho, em meio a conflitos e desequilíbrios, ela assumiu o lugar de David Cameron após a resignação dele devido ao resultado do referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia.
Ela era vista como a pessoa certa para apaziguar o Partido Conservador, que voltou dividido do referendo, mas seu governo enfrentou uma série de reviravoltas.
As principais disputas dentro do partido acerca do Brexit dizem respeito à participação britânica na Comunidade Europeia de Energia Atômica (Euratom) e a autoridade da Justiça europeia no país.
As divisões podem ficar claras na próxima quinta-feira, quando o governo publicará sua Lei de Revogação, para adotar, emendar ou revogar leis e diretivas europeias atualmente em vigor.
Vince Cable, membro do Partido Liberal Democrata, pró-Europa, avalia que todas essas dúvidas podem acabar impedindo a saída da UE.
"Os problemas são tão grandes, as divisões nos dois principais partidos tão marcadas que já posso vislumbrar um cenário em que não aconteça", apontou.
O ex-líder do partido e ex-ministro de Relações Exteriores, William Hague, escreveu um artigo no jornal Daily Telegraph em que indaga: "Vale a pena lutar uma batalha enorme para defender uma versão 'mais pura' do Brexit? Não, claro que não".
A vida de May se complicou ainda mais na última segunda-feira, quando uma deputada conservadora, Anne Marie Morris, usou um epíteto racista numa reunião pró-Brexit e foi suspensa da bancada conservadora.
Nas últimas semanas, têm circulado rumores de que um complô contra May possa estar sendo armado em seu próprio gabinete. Uma alternativa a ela seria o ministro do Brexit David Davis, que negou os boatos.