Caracas, 29 - Apesar de quatro meses de protestos violentos e da ameaça de sanções por parte dos Estados Unidos, a Venezuela se encontra a menos de 24 horas de uma possível consolidação no poder de um governo que, possivelmente, irá levar o país a uma crise ainda mais profunda, com bairros inteiros em confronto com policiais e grupos paramilitares, enquanto a população mais pobre sofre para conseguir alimentos.
Nos redutos da oposição venezuelana, em regiões relativamente mais ricas de Caracas, jovens montam barricadas com galhos de árvores, lixo e arame farpado. Conflitos com forças policiais iniciados na tarde de sexta-feira se estenderam noite adentro. Ao menos 113 pessoas morreram e outras 2 mil ficaram feridas durante os meses de embate.
Demais localidades da capital venezuelana estão mais calmas. Pela cidade, moradores afirmam que querem a saída do presidente Nicolas Maduro do Poder, mas não estão dispostos a arriscar suas vidas na disputa.
Neste domingo, venezuelanos votarão para compor uma Assembleia Constituinte, para substituir a Constituição criada durante o governo de Hugo Chávez. Maduro fez uma convocação massiva de seus apoiadores. Enquanto isso, a oposição sugere um boicote ao processo, alegando que a votação proposta pelo governo foi estruturada para garantir que seu partido tenha domínio sobre a Constituinte.
Opositores ainda afirmam que o governo está tão receoso sobre um eventual baixo comparecimento às urnas que está ameaçando demitir funcionários estatais que não votarem, além de remover benefícios sociais, como alimentos subsidiados, de quem deixar de votar. Na quarta-feira, a Assembleia Nacional Constituinte que surgirá do processo se tornará um dos órgãos mais poderosos do Estado, com a capacidade de extirpar os últimos vestígios de um sistema democrático, podendo pender em favor de um sistema autoritário de partido único. Fonte: Associated Press.