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Estado de Minas

No Marrocos, amigos de Driss e Moussa Oukabir estão 'consternados'


postado em 19/08/2017 01:55

Em meio às montanhas Atlas, no tranquilo povoado marroquino de Melouiya, as pessoas estão incrédulas com o suposto envolvimento dos irmãos Driss e Moussa Oukabir - criados no local - nos ataques terroristas contra a Catalunha.

Uma tenda instalada a poucos metros da casa rudimentar de barro e pedra da família Oukabir, inicialmente prevista para uma festa de casamento, se transformou em local de velório.

A alegria deu lugar à tristeza e à dor", suspira Abderrahim, um dos tios dos irmãos Oukabir.

"Estamos consternados, totalmente devastados", diz entre lágrimas Said, pai dos jovens, entre membros da família e amigos que chegam para manifestar pêsames.

"A polícia espanhola telefonou para sua mãe, que está na Espanha, para lhe dizer que Moussa foi morto", contou Said à AFP, pouco antes do anúncio oficial, nesta sexta-feira.

Aos 17 anos, Moussa foi morto pela polícia na noite de quinta-feira, junto a outros agressores que utilizaram um Audi A3 para atropelar pessoas no balneário de Cambrils.

Driss, 27 anos, foi detido na quinta-feira em Ripoll, cidade de 10 mil habitantes junto aos Pirineus, ao lado de outros três suspeitos.

Os atropelamentos em Cambrils e Barcelona deixaram 14 mortos e mais de 120 feridos.

- Entre dois mundos -

"Somos gente simples, pacífica, não conhecemos o radicalismo ou o terrorismo", declara um morador desta região pobre no centro do Marrocos onde se fala principalmente a língua bérbere e cuja economia se baseia na agricultura e no dinheiro enviado por marroquinos que trabalham na Europa, especialmente na França, Espanha e Itália.

Said Oukabir tentou a sorte na Europa nos anos 90, também na Catalunha.

Seu filho Driss, criado em Aghbala, comunidade rural a oito quilômetros de seu povoado natal, tinha então dez anos.

Moussa, que faria 18 anos em outubro, nasceu em Ripoll, quando a família vivia entre Melouiya, Aghbala e a Espanha.

"Não apresentavam qualquer sinal de radicalização. Viviam como os jovens de sua idade, se vestiam como eles", garante Said. "Moussa era um bom menino, nunca fez mal a ninguém. Ia às aulas e pretendia terminar o secundário no próximo ano. Ultimamente começou a rezar (...), mas nada demais. Era jovem e, certamente, se deixou manipular".

Driss "abandonou a escola cedo para ter um trabalho decente e ganhar a vida", contou Said.

Moussa "era gentil, sempre sorrindo, não fumava ou bebia", recorda um tio, acrescentando que "toda a região está consternada".

"Hoje está nas mãos de Deus e da polícia. Espero que digam que é inocente. Não quero perder meus dois filhos", declarou Said sobre Driss.


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