O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci revelou nesta quarta-feira à Justiça que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu seu aval a um "pacto de sangue" entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e a construtora Odebrecht, base do escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.
Palocci, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, prestou depoimento ao juiz Sérgio moro no inquérito que apura o pagamento de R$ 12 milhões de propina da Odebrecht para o ex-presidente sob a forma de um apartamento e um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula.
"Emilio Odebrecht fez uma especie de pacto de sangue com o presidente Lula. Ele procurou o presidente Lula nos últimos dias de seu mandato e levou um pacote de propinas que envolvia esse terreno (...) o sitio para o uso da família do presidente Lula que estava em reforma na fase final (...) e também disse que ele tinha a disposição dele para o próximo período, para fazer as atividades politicas dele, 300 milhões de reais...".
Lula sabia que se tratava de dinheiro sujo. Que as propinas foram pagas pela Odebrecht para agentes públicos "em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, de caixa um, caixa dois", revelou Palocci.
Em outro trecho do depoimento, Palocci diz que advertiu o ex-presidente sobre o prédio que a Odebrecht iria comprar para ser sede do Instituto Lula: "Eu voltei a falar com ele sobre o prédio do instituto (...). Se o senhor está fazendo um instituto para receber doações e fazer sua atividade, não sei porque procurar agora um terreno. Não tem problema nenhum receber uma doação da Odebrecht, mas que seja formal ou que, pelo menos, seja revestida de formalidade".
"Eu até comentei com ele nesse dia: 'nosso ilícito com a Odebrecht já está monstruoso. Se nós fizermos esse tipo de operação, nós vamos criar uma fratura exposta desnecessária'", revelou Palocci.
O ex-ministro está preso desde setembro do ano passado e já tem uma condenação há 12 anos de prisão na operação Lava Jato.
A defesa de Lula reagiu afirmando que Palocci fez "acusações falsas e sem provas" enquanto negocia delação com Ministério Público.