Barcelona, 01 - O governo regional da Catalunha estimou em "milhões" o número de pessoas que teria votado neste domingo, 1, no plebiscito proibido sobre a secessão da Espanha. A estimativa, que não foi especificada, indica que, apesar da repressão da Guarda Civil e da Polícia Nacional, ordenada por Madri, a votação teria tido grande adesão do público. No sábado, as próprias autoridades catalãs estimavam que se 1 milhão votasse já se trataria de uma vitória da causa independentista.
As informações foram divulgadas por Jordi Turull, porta-voz do presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont. "Tudo nos leva a crer que, pela tendência que contabilizamos nessa noite, poderemos contar aos milhões", afirmou, em uma declaração que revela o caos organizacional em que a votação foi realizada. "Insistimos que todos podem votar e as urnas ficarão abertas até às 20 horas."
Até o final da tarde, no horário local, 73% das 2,3 mil seções eleitorais acabaram abrindo suas portas aos eleitores. Já o governo central estima que pelo menos 336 seções foram fechadas pelas forças de ordem. Uma das queixas dos opositores ao plebiscito é a total falta de controle sobre os eleitores que votaram. A situação gerou suspeitas de que muitos dos independentistas tenham votado várias vezes, aproveitando-se da falta de fiscalização efetiva.
O plebiscito havia sido proibido pelo Tribunal Constitucional da Espanha, que considerava as circunstâncias da votação ilegais.
O resultado é que 465 pessoas foram atendidas em hospitais da Catalunha, a maior parte em Barcelona. Os ferimentos aconteceram em confrontos com as tropas de choque, que tinham a ordem de apreender urnas, cédulas eleitorais e equipamentos relativos ao plebiscito. Do total, 91 dos feridos nos choques com os agentes das tropas de choque. Do total, 12 policiais ficaram feridos e três pessoas, dos quais um menor de idade, ficaram feridas.
Segundo Jordi Turull, o governo da Catalunha espera que tribunais internacionais investiguem as circunstâncias da repressão ao plebiscito. "Atuação do Estado espanhol é uma vergonha internacional, um escândalo", afirmou, definindo o dia de hoje em Barcelona e no interior como "estado de sítio".
(Andrei Netto, enviado especial).