São Paulo, 02 - Os vencedores do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2018 são os americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young, por suas descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam os chamados ritmos circadianos - uma espécie de relógio biológico interno que regula o metabolismo dos seres vivos. As descobertas feitas pelo trio explicam como as plantas, animais e humanos adaptam seus ritmos biológicos de maneira a sincronizá-los com a rotação da Terra.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 2, pela organização que concede o prêmio, o Instituto Karolinska, na Suécia. Os três laureados nasceram e trabalham nos Estados Unidos. Hall nasceu em Nova York em 1945 e é professor da Universidade do Maine. Rosbach nasceu em Kansas City em 1944 e é professor da Universidade Brandeis, em Massachusetts. Young nasceu em 1949, em Miami, e atua na Universidade Rockefeller, em Nova York.
O Instituto Karolinska anunciou em setembro um reajuste de 12% no valor dos prêmios Nobel, que permanecia o mesmo desde 2012: 8 milhões de cooras suecas, o equivalente a cerca de US$ 981 mil, ou R$ 3,1 milhões. Os vencedores de 2017 receberão 9 milhões de coroas, o que significa US$ 1,1 milhão, ou cerca de R$ 3,5 milhões. Cada um dos vencedores do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina receberá um terço do prêmio.
A premiação foi divulgada em Estocolmo por volta das 11h30 (6h30 na hora de Brasília).
O relógio biológico está envolvido com diversos aspectos da complexa fisiologia dos seres vivos. Todos os organismos multicelulares, incluindo os humanos, utilizam esse tipo de mecanismo para controlar os ritmos circadianos.
"Desde as descobertas seminais dos três laureados, a biologia circadiana se desenvolveu em um vasto e altamente dinâmico campo de pesquisas, com complicações para nossa saúde e bem estar", disse o comitê do Nobel. Com precisão impressionante, o relógio interno adapta a fisiologia das pessoas às fases radicalmente diferentes do dia. O relógio regula funcões fundamentais como o comportamento, os níveis de hormônios, o sono, a temperatura corporal e o metabolismo.
Utilizando moscas de fruta como organismo modelo, os ganhadores do Nobel isolaram um gene único que controla o ritmo diário normal do organismo. De acordo com o comitê do Nobel, eles mostraram que esse gene codifica uma proteína que se acumula nas células durante a noite e depois é degradada durante o dia.
Mais tarde, eles identificaram mais componentes de proteínas envolvidos com esse circuito, expondo o mecanismo que regula o relógio auto-sustentável que existe no interior de cada célula. Com isso foi possível reconhecer que os relógios biológicos funcionam pelos mesmos princípios nas células de todos os organismos multicelulares, incluindo os humanos.
O bem estar humano é afetado quando há um descompasso temporário entre o ambiente externo e esse relógio biológico interno. Um bom exemplo é o "jet lag", o mal estar causado por uma viagem, quando uma pessoa cruza de avião vários fusos horários. Há também indicações de que um desalinhamento entre o estilo de vida e o ritmo ditado pelo relógio interno está associado ao aumento de risco para várias doenças.
O prêmio de Fisiologia ou Medicina é o primeiro da temporada do Nobel 2017. Nesta terça-feira, será anunciado o vencedor do prêmio de Física e, na quarta-feira, o de Química.
(Fábio de Castro).