Um porta-voz do partido do chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, gerou polêmica nesta segunda-feira (9) ao advertir que o presidente catalão poderá "terminar" como um antecessor que proclamou o Estado catalão, foi detido em 1934 e posteriormente fuzilado pelo franquismo.
Sorridente, Pablo Casado, vice-secretário de comunicações do Partido Popular, afirmou em referência aos separatistas catalães: "a história não tem que ser repetida, esperemos que amanhã não se declare nada, porque quem declarar (um Estado independente) acabará como o que declarou há 83 anos".
Em 6 de outubro de 1934, o então presidente catalão Lluís Companys, da esquerda republicana, proclamou o efêmero "Estado catalão da república federal da Espanha" durante uma dezena de horas.
Detido e condenado a 30 anos de prisão, foi anistiado em fevereiro de 1936 após a vitória do Frente Popular, e voltou a ser presidente da Catalunha ao fim da Guerra Civil espanhola (1936-1939).
Refugiado na França, Companys foi detido em 1940 pela Gestapo, polícia secreta da Alemanha nazista, e fuzilado em Barcelona por militares de Franco.
Uma jornalista perguntou imediatamente a Casado se ele se referia à detenção ou à execução de Companys.
"O que para eles parece uma data épica, que é a declaração de independência, teve uma contestação", afirmou Casado, ressaltando: "eu não sou um historiador, muito menos futurólogo".
"Peço licença de fazer uma referência ao que aconteceu na sexta-feira (o aniversário da declaração de independência por Companys), que eles lembraram muito, pensando que iria convergir com a sua declaração", acrescentou.
O presidente separatista de Catalunha, Carles Puigdemont, comparecerá na terça-feira no Parlamento catalão e segundo várias fontes poderia fazer uma declaração unilateral de independência.
A declaração de Casado provocou imediatamente comoção na Catalunha, onde a televisão pública a difundia como a frase do dia. Foi um dos temas mais discutidos na rede social Twitter, onde o debate rapidamente se espalhou.
O debate sobre o futuro da Catalunha fez ressurgir a história mal digerida da Guerra Civil espanhola e da ditadura de Francisco Franco (1939-1975), que foi particularmente dura com a Catalunha.