Jornal Estado de Minas

CaixaBank retirou sua sede social da Catalunha ante saque de depósitos

O CaixaBank, o terceiro banco mais importante da Espanha, admitiu nesta terça-feira (24) que retirou sua sede social da Catalunha devido aos saques de dinheiro feito por clientes nervosos com a situação política na região.

A entidade, o primeiro banco da região da Catalunha, admitiu a medida após anunciar um bom desempenho no terceiro trimestre de 2017, no qual duplicou seu lucro líquido, a 649 milhões de euros.

Cinco dias depois do referendo de autodeterminação inconstitucional de 1 de outubro, o CaixaBank tomou a decisão em resposta "a uma situação técnica de intranquilidade de nossa clientela", indicou numa coletiva de imprensa seu CEO, Gonzalo Gortázar.

"A partir de 1 de outubro, pudemos detectar em nossa clientela intranquilidade, nervosismo", explicou Gortázar, que disse que o impacto dos saques foi "moderado", sem especificar seu montante.

O CaixaBank foi uma das primeiras grandes empresas que anunciaram a mudança de sua sede social para fora da Catalunha, prevendo uma possível declaração unilateral de independência das autoridades da região - que representa 19% do PIB espanhol.

Segundo dados do registro nacional de empresas, desde então, até 1.300 companhias deixaram a Catalunha, entre elas, algumas emblemáticas, como o Banco Sabadell, a produtora de cava Codorniú e o grupo editoral Planeta.

O objetivo era "deixar de fora qualquer dúvida de que a força do CaixaBank se manteria em qualquer cenário e de que estaremos sempre sob o guarda-chuvas da zona do euro", explicou Gortázar.

A medida permite ao banco continuar contando com a possibilidade - crucial para esta atividade - de ter acesso ao financiamento do Banco Central Europeu (BCE), disse Gortázar.

Com a migração da sede social, o impacto sobre os depósitos "primeiro parou e, depois, se reverteu", assinalou.

Questionado se a mudança de sede é temporária, ele se limitou a responder: "Se o conselho de administração quisesse dizer que a mudança era temporária, teria dito, mas não falou nada a respeito".

A decisão é "unicamente nossa", esclareceu, questionado sobre eventuais pressões políticas.

- Resultados superam previsões -

O CaixaBank não alterou suas metas de crescimento para 2017, mas se a crise na Catalunha se prolongar "teria um impacto muito prejudicial" sobre a economia espanhola, afirmou Gortázar.

Antes da coletiva de imprensa, o banco tinha anunciado seu desempenho positivo no terceiro trimestre de 2017, dobrando seus lucros líquidos a 649 milhões de euros, graças à integração da entidade portuguesa BPI, comprada em fevereiro.

No terceiro trimestre de 2016, o CaixaBank tinha registrado um lucro líquido de 332 milhões de euros.

O BPI contribuiu com cerca de 103 milhões de euros, indica o banco espanhol em um comunicado.

O produto bancário líquido, o equivalente ao faturamento, chegou a 1,201 bilhão de euros, contra 1,039 bilhão no terceiro trimestre de 2016, antes da integração do BPI.

Nos nove primeiros meses do ano, aumentou em mais de 15%, para 3,55 bilhões de euros. Sem a compra do BPI, o aumento teria sido de apenas 6,5%, segundo o banco.

O resultado é muito superior às previsões dos analistas recolhidas pela agência de informações financeiras Factset, que previa um lucro médio de 486 milhões de euros.

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