Jornal Estado de Minas

Equiparado a Mao, Xi Jinping consolida influência e poder na China

O presidente Xi Jinping continua concentrando todo poder em suas mãos, após obter um novo mandato à frente do Partido Comunista da China (PCC).

Nos últimos dias, Xi foi consagrado "líder" pelo bureau político do PCC, nomeou um homem fiel na cidade de Xangai e acusou seus antigos rivais de terem participado de uma conspiração.

Na última sexta-feira (27), o burô elevou Xi à altura de Mao Tsé-tung, ao designá-lo "lingxiu" ("líder"), termo abundantemente usado para honrar o fundador da República Popular da China.

Dois dias antes, o congresso do PCC havia incluído em seus estatutos o "pensamento" de Xi, assim como seu nome, equiparando-o a Mao e a Deng Xiaoping, o outro grande dirigente comunista chinês.

Além disso, o congresso escolheu uma nova direção, ao gosto de Xi, sem a presença de qualquer futuro sucessor. Isso seria um sinal de que o dirigente chinês de 64 anos poderá aspirar a continuar no poder por mais de dez anos.

A inclusão de seu nome nos estatutos do Partido lhe permite ficar liberado de qualquer limite de idade, podendo ficar o tempo que desejar à frente do PCC - segundo especialistas.

- 'Nova era do socialismo' -

Esse reforço de seu poder político está acompanhado de uma maciça onda de propaganda, com uma proliferação de mensagens nos muros do país. Nelas, convoca-se a população a estudar o "pensamento" do dirigente, que prometeu aos compatriotas durante o Congresso "uma nova era do socialismo chinês" antes de 2050.

Cerca de 20 universidades do país anunciaram a abertura de "institutos de pesquisa" sobre o "pensamento" presidencial.

Xi Jinping também reforça sua influência sobre os motores econômicos do país: os principais dirigentes de Xangai e das ricas províncias costeiras de Guangdong (sul) e de Fujian (leste) mudaram, anunciou a agência de notícias Nova China no domingo.

O secretário do PCC em Xangai, capital econômica chinesa e reduto do ex-presidente Jiang Zemin, foi substituído por um homem próximo a Xi Jinping, Li Qiang.

Li havia trabalhado sob as ordens de Xi quando este dirigia a província de Zejiang (leste), nos anos 2000.

Desde sua chegada ao Poder Central no final de 2012, Xi Jinping levou adiante uma guerra contra a corrupção que puniu pelo menos 1,5 milhão de pessoas, segundo números oficiais.

Alguns especialistas suspeitam, porém, que ele tenha se aproveitado dessa "guerra" para se livrar de seus adversários políticos.

- 'Luta pelo poder' -

No domingo, a Comissão de Inspeção Disciplinar do PCC anunciou que desmantelou um "complô" armado por três ex-altos funcionários do país, conforme a agência Nova China.

A comissão acusa um antigo político emergente do Partido, Sun Zhengcai, destituído em julho por corrupção, de estar envolvido nesse "complô". Nenhum detalhe foi revelado ainda sobre o assunto.

Para o sinólogo Jean-Pierre Cabestan, os rumores de um golpe de Estado "provam que há uma luta silenciosa pelo poder" na cúpula do regime, onde há uma oposição interna, agora mascarada pela reeleição de Xi.

"Há uma oposição reformista que pensa que Xi é demasiado conservador e que quer uma evolução política como a que defendeu Deng Xiaoping no início das reformas", no final dos anos 1970, afirma Cabestan, da Universidade batista de Hong Kong.

Líder chinês de mais alta hierarquia a cair em desgraça nos últimos cinco anos, Sun teria-se associado a outros dois membros do alto escalão do governo, já condenados e presos e por corrupção: Ling Jihua, ex-chefe de gabinete do ex-presidente Hu Jintao, e Zhu Yongkang, ex-chefe dos serviços de segurança.

Na semana passada, a Nova China afirmou que os três "conspiradores" haviam tentado "influenciar os votos" nos dois congressos anteriores do PCC em 2007 e em 2012, comprando os votos de alguns delegados. O objetivo teria sido frear a ascensão de Xi Jinping.

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