A Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira (1), pelo 26º ano consecutivo, uma resolução que pede o fim do embargo imposto há meio século pelos Estados Unidos contra Cuba, em uma moção que teve 191 votos favoráveis.
Na sessão desta quarta-feira com os 193 países que participaram da Assembleia, 191 se expressaram inequivocamente contra o "embargo econômico, comercial e financeiro" de Washington à ilha.
A delegação americana, que no ano passado se absteve, desta vez votou novamente contra, depois que a embaixadora dos EUA na ONU, Nikky Haley, afirmou que a sessão de votação não passava de um "teatro político".
Ao falar perante o corpo de diplomatas antes da votação, Haley disse que Washington estava disposto a seguir apoiando sua política com relação a Cuba, "embora fiquemos sozinhos".
"Não tememos o isolamento", disse a representante americana.
O discurso de Haley surpreendeu pelo tom de por el tono de aborrecimento usado para minimizar a importância da votação.
- "Uma perda de tempo" -
"Todo ano, a Assembleia Geral da ONU perde seu tempo examinando esta questão", disse Haley, afirmando que a organização não tem nenhuma faculdade para fazer com que Washington modifique uma política que está codificada na lei.
Haley antecipou que os Estados Unidos vão manter o embargo a Cuba "enquanto o povo cubano continuar sendo privado de seus direitos".
"O bloqueio a Cuba está codificado na lei americana e só o Congresso pode finalizá-lo", disse.
A abstenção americana na votação do ano passado aconteceu em meio ao processo de aproximação iniciado pelos Estados Unidos em 2014 e que resultou na reabertura das respectivas embaixadas em 2015.
No entanto, com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, Washington decidiu congelar esse processo e reinstalar o clima de desconfiança e de distanciamento que prevaleceu nas relações bilaterais durante meio século.
- Os EUA "ficaram sozinhos" -
O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, foi à tribuna da ONU expressar sua "mais enérgica condenação às declarações desrespeitosas, ofensivas e ingerencistas" de Haley.
Rodríguez disse que só no último ano o impacto econômico do embargo a Cuba foi estimado em 4,305 bilhões de dólares, "o dobro do investimento estrangeiro direto de que o país precisa para que a economia possa avançar para o desenvolvimento".
De acordo com o chanceler cubano, "não há uma cubana, nem serviço social em Cuba que não sofra privações e consequências do bloqueio", imposto pelo presidente John F. Kennedy à ilha em 1962.
Ainda em relação ao discurso de Haley, Bruno disse que a diplomata americana tinha razão em um ponto: que os Estados Unidos, mais uma vez, "ficaram sozinhos", apontou.
Durante o debate, a delegação da Rússia lamentou o "retrocesso evidente" nas relações entre Washington e Havana depois do início de uma reaproximação há três anos.
A China, por sua vez, se juntou à declaração do G77 em favor da resolução para pôr fim ao embargo.
A Comunidade de Países da América Latina e Caribe (Celac), a Comunidade de Países do Caribe (Caricom) e o Grupo dos Não Alinhados também se manifestaram em bloco pela suspensão do embargo.
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