A participação da filósofa americana Judith Butler em um colóquio em São Paulo provocou, nesta terça-feira, manifestações de críticos e de defensores da autora, referência mundial no estudo da teoria de gênero.
Cerca de 50 pessoas se reuniram atrás de um cartaz que dizia: "Não à ideologia de gênero", enquanto através de megafones se entoavam gritos como "Fora Butler", ou tomavam a palavra oradores que afirmavam, por exemplo, que "Após a ideologia de gênero estão a pedofilia e a zoofilia".
Alguns balançavam um boneco em forma de bruxa com a cara da filósofa e cartazes afirmando que "A ideologia de gênero provoca doenças mentais e suicídios".
"Vim para proteger a família, tenho netos. Conheço o trabalho de Butler e não gosto, ela quer acabar com a moral cristã da família. Corromper a mulher, a família, a sociedade", afirmou Anita Tanaka, aposentada de 70 anos.
Do outro lado da entrada do SESC Pompeia, onde acontece o colóquio, uma centena de pessoas respondiam os conservadores com cartazes que argumentavam: "Vergonhosa é a ignorância, obscena é a violência, imoral é a intolerância".
"Há uma onda conservadora, não só no Brasil, mas no mundo, e é preciso se levantar para não repetir antigos períodos históricos", disse Luis Nogueira, desempregado de 31 anos, que carregava uma bandeira antifascista.
Com bastante presença policial desde o início da concentração, os dois grupos estavam separados por uma faixa.
Os conservadores reuniram mais de 366.000 assinaturas em uma petição na plataforma digital CitizenGO para cancelar as conferências da filósofa.
Esta é a segunda visita de Butler ao Brasil. A primeira, em 2015, repercutiu apenas no mundo acadêmico.
Apesar da repercussão de suas pesquisas sobre a teoria de gênero, nenhuma das conferências da filósofa em São Paulo, na terça-feira e na quarta-feira, abordarão o assunto. Em vez disso, se concentrarão em temas relacionados à democracia e à sua crítica ao sionismo.
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