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Estado de Minas

Em Kerbala, peregrinos xiitas celebram a revanche contra o EI


postado em 09/11/2017 16:10

Arkan al Husseini deixou sua província de Diyala, ao norte de Bagdá, para viajar a Kerbala, assim como milhões de peregrinos xiitas. Mas este ano, segundo ele, nas comemorações do martírio do imã Hussein, "Deus cobrará sua revanche".

Nessa cidade santa do sul iraquiano, o Arbain, que marca o final dos 40 dias de luto pela morte do neto do profeta Maomé, se celebra em um contexto particular.

A algumas centenas de quilômetros dali, no deserto ocidental de al Anbar, as tropas iraquianas, apoiadas por unidades paramilitares majoritariamente xiitas, estão a ponto de reconquistar o último local nas mãos dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), organização sunita radical.

"Graças a Deus, o imã Hussein venceu os tiranos, os derrotamos com a força que Deus nos deu", afirmou à AFP Arkan, de 68 anos.

- 'Prova de vitória' -

No ano 680, as tropas do califa Yazid assassinaram o imã Hussein durante a batalha de Kerbala, aprofundando ainda mais o racha entre sunitas e xiitas.

"Hoje, vencemos os filhos de Yazid", assegura o peregrino, que se junta a milhões de pessoas em direção ao mausoléu, com sua cúpula coberta de ouro, onde está enterrado o imã Hussein.

Anualmente cerca de 20 milhões de peregrinos chegam a pé - às vezes percorrendo centenas de quilômetros - ou em ônibus fretados. Eles vêm de todo o Iraque, mas também do exterior, em particular do Irã.

"Essas milhões de pessoas são a prova da vitória" sobre os extremistas que durante três anos multiplicaram os atos bárbaros no Iraque, atacando peregrinos xiitas e atacando várias vezes o Arbain, exclama Mahmud Mohamed, de 62 anos.

Este iraquiano da minoria shabak chegou de Bartalla, perto de Mossul (norte), a segunda cidade do país que o EI havia transformado em 2014 na "capital" iraquiana de seu autoproclamado califado.

"Hoje celebramos a vitória do bem sobre o mal", assegura este senhor vestido com túnica preta.

"Agora que terminamos com as pessoas do EI, nos sentimos em segurança" na peregrinação deste ano, afirma à AFP Abdel Husein Farah, de 47 anos, que vive em Kerbala.

No entanto, como os demais peregrinos -todos vestidos de preto-, ele teve que passar por cinco controles antes de chegar ao mausoléu.

- 'De Beirute a Kerbala' -

Assim como ocorre todos os anos, as forças de segurança deslocaram dezenas de milhares de efetivos em todo o santuário, e vigiam as vias de acesso ao local.

Em todo o caminho, e sobretudo nos arredores do mausoléu coberto de mosaicos, multiplicam-se as tendas de campanha à beira da estradas, com bandeiras multicoloridas. Em seu interior, os voluntários atendem e abastecem os peregrinos.

Em torno do mausoléu onde está enterrado o imã Hussein, a multidão é ainda mais densa. Peregrinos chegados do Irã, Iêmen, Omã, Bahrein, Paquistão ou Líbano se misturam com os iraquianos.

Ao ritmo de obstinados cantos religiosos, homens e mulheres batem no peito, em sinal de duelo. Entre eles, Ahmed al Haj Hasan, de 29 anos, que veio do Líbano com três amigos.

Para este jovem barbudo, que fez a pé os últimos 80 quilômetros, era importante fazer essa peregrinação "pelo imã Hussein", mas também para dizer que "estamos todos unidos na vitória".

"Hoje, derrotamos a injustiça feita ao imã Hussein, de Beirute até Kerbala", afirma, enquanto as forças iraquianas e sírias, apoiadas por xiitas libaneses, asseguram ter acabado quase totalmente com o EI.


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