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Estado de Minas

Presidente do Zimbábue é confinado em sua casa e militares tomam capital

As Forças Armadas dizem que atuam contra o establishment político "degenerado" do país


postado em 15/11/2017 09:49 / atualizado em 15/11/2017 11:38

Militares negam golpe, mas ocupam as ruas e prédios públicos(foto: AFP / Jekesai NJIKIZANA )
Militares negam golpe, mas ocupam as ruas e prédios públicos (foto: AFP / Jekesai NJIKIZANA )

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, foi confinado em sua casa, conforme militares reforçavam seu controle sobre o governo e instituições cívicas nesta quarta-feira. As Forças Armadas dizem que atuam contra o establishment político "degenerado" do país, embora neguem que tenham a intenção de depor Mugabe, no poder desde 1987.

No meio do dia (hora local), soldados haviam assumido o controle do aeroporto da capital, dos prédios do Parlamento, da televisão estatal e da residência presidencial. Importantes aliados de Mugabe, entre eles o ministro das Finanças, haviam sido detidos. Veículos militares bloquearam interseções estratégicas nos distritos central e comercial, enquanto a emissora estatal de rádio tocava apenas canções patrióticas.

Mugabe disse em telefonema ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, que estava confinado em sua casa, mas bem, de acordo com a presidência da África do Sul.

"Nós queremos deixar muito claro que essa não é uma tomada militar do governo", afirmou o general Sibusiso Moyo em seu estúdio, em roupas de combate. "O que as Forças de Defesa do Zimbábue fazem é pacificar uma situação política, social e econômica degenerada em nosso país."

Analistas políticos dizem que, apesar das declarações dos militares, o tempo de Mugabe no poder está perto do fim. "Pelos rumores, é o fim para Mugabe", afirmou Derek Matyszak, analista sediado em Harare do Institute for Securities Studies. "Eu não sei como ele pode recuar disso."

Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, em foto de arquivo (foto: AFP / Jekesai NJIKIZANA )
Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, em foto de arquivo (foto: AFP / Jekesai NJIKIZANA )

O Exército, a polícia e o governo não responderam a vários pedidos de declarações. As ações dos militares ocorrem horas após o chefe das Forças Armadas ser acusado de traição pelo partido do presidente, que dias antes demitiu seu poderoso vice-presidente. A medida contra o vice foi visto como um passo para Mugabe, de 93 anos, colocar a mulher dele, Grace, de 52 anos, como um dos dois vices e apontá-la como sucessora.

A perspectiva de uma possível dinastia Mugabe havia gerado uma ameaça do comandante das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga, que disse na segunda-feira que os militares poderiam intervir se a perseguição política não terminasse.

Potências regionais divulgaram comunicados nesta quarta-feira, com pedidos de calma. Na África do Sul, onde vivem entre 1 e 3 milhões de zimbabuanos, pediu calma e uma solução pacífica, que não viole a Constituição do país. Já embaixadas de nações ocidentais emitiram alertas para quem pretende viajar ao país.

Um dos pontos importantes para a crise é o caso do ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa, apelidado "O Crocodilo", afastado na semana passada, o que chocou muitos no país, que veem o comportamento do presidente como errático e também criticam as mostras de riqueza da primeira-dama, Grace Mubage, e de seus filhos. Não se sabe o paradeiro de Mnangagwa.


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