O governo do Paquistão recorreu ao exército para restaurar a ordem em Islamabad, onde a violência entre a polícia e os manifestantes islâmicos que bloqueavam a capital deixou, neste sábado (25), pelo menos um morto e 140 feridos, anunciou o Ministério de Interior.
"O governo (...) autoriza a aplicação de um número suficiente de tropas do exército paquistanês (...) em apoio ao poder civil" para "manter a ordem no território de Islamabad, com efeito a partir de 25 de novembro, e até nova ordem", afirma.
Os responsáveis militares não comentaram.
A ordem foi dada após a morte de um policial neste sábado, em enfrentamentos entre as forças de ordem paquistanesas e centenas de manifestantes islâmicos, que tentavam desalojar do principal acesso a Islamabad, bloqueado há três semanas.
Cerca de 8.500 policiais e paramilitares foram enviados para a operação, iniciada na primeira hora desta manhã, segundo um funcionário do Ministério.
Policiais antidistúrbio lançaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os cerca de 2 mil manifestantes, que respondiam esporadicamente com pedras e outros projéteis.
Os manifestantes ocupam, desde 6 de novembro, uma ponte da estrada que liga Islamabad à vizinha Rawalpindi, interrompendo o intenso tráfego entre as duas cidades.
Os manifestantes, que pertencem a um grupo religioso pouco conhecido, o Tehreek-i-Labaik Yah Rasool Allah Pakistan (TLYRAP), exigem a demissão do ministro de Justiça, após uma controvérsia sobre uma emenda, finalmente descartada, que eles relacionam à polêmica lei sobre a blasfêmia.
Eles impedem, por vezes de forma violenta, que milhares de paquistaneses cheguem à capital diariamente, onde muitos trabalham. Desde que começaram os protestos, os trajetos duram horas. Um menino de 8 anos morreu porque não conseguiu chegar a tempo ao hospital.