A organização Human Right Watch (HRW) acusou o regime do presidente Joseph Kabila de ter recrutado antigos milicianos do M23 para reprimir as manifestações de dezembro do ano passado na República Democrática do Congo, um episódio de violência que deixou dezenas de mortos.
"Quadros superiores das forças de segurança da República Democrática do Congo mobilizaram mais de 200 ex-combatentes rebeldes do M23 procedentes de países vizinhos", afirma a HRW em um relatório.
Entre 19 e 20 de setembro e depois 19 e 20 de dezembro de 2016, os congoleses protestaram para pedir a saída do presidente Kabila ao final de seu segundo mandato, que terminava em 20 de dezembro, segundo a Constituição.
De acordo com a HWR, 62 pessoas morreram na repressão das manifestações.
Os milicianos do M23, que deixaram as armas em novembro de 2013, foram muito ativos na região de Kivu, leste do país, onde conseguiram ocupar Goma no fim de 2012.
"Quadros superiores das forças de segurança congolesas recrutaram combatentes do M23 nos campos militares e assentamentos de refugiados em Uganda e na vizinha Ruanda", afirma a HRW.
"Depois que foram transferidos para a RDC, os combatentes do M23 foram enviados à capital Kinshasa, Goma e Lubumbashi. As forças de segurança entregaram uniformes novos, armas e os integraram à polícia, exército e guarda republicana", destaca o relatório da organização de defesa dos direitos humanos.
Após os protestos do ano passado, a oposição assinou um acordo mediado pelo episcopado que projetava a data da eleição para dezembro de 2017 como prazo máximo.
Mas a Comissão Eleitoral anunciou em 5 de novembro que as eleições presidenciais, legislativas e locais foram adiadas para 23 de dezembro de 2018.
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