O ator Dustin Hoffman teve uma discussão na noite de segunda-feira (4) com o apresentador de televisão John Oliver, que indagou o ator por ter dado explicações insuficientes a respeito das acusações de assédio sexual contra ele.
Durante uma conversa de uma hora em Nova York, para discutir sobre o vigésimo aniversário do satírico filme "Wag the Dog", o renomado ator de Hollywood, atualmente com 80 anos, recebeu fortes críticas de Oliver, apresentador conhecido por seu estilo incisivo em seu programa semanal "Last Week Tonight with John Oliver", exibido na HBO.
O diálogo foi parcialmente gravado e ficou disponível na internet nesta terça-feira (5).
Por causa das revelações do caso Weinstein, no final de outubro a escritora Anna Graham Hunter acusou o veterano ator de "Rain Man - Encontro de Irmãos" e "Kramer vs. Kramer" de ter tocado em sua bunda e tê-la feito propostas sexuais em 1985, quando ela tinha apenas 17 anos.
Hoffman respondeu às acusações por meio de um comunicado no qual declarou: "Tenho um grande respeito pelas mulheres e me sinto terrível por qualquer coisa que tenha feito que possa tê-la colocado em uma situação incômoda. Me desculpe. Não é um reflexo de quem sou".
No debate realizado na segunda-feira, do qual Robert de Niro também participou, Oliver recordou esse pronunciamento e reprovou a reação de Hoffman, que segundo o apresentador foi uma desculpa insuficiente.
Hoffman se defendeu afirmando não se lembrar do que ocorreu há 40 anos. Acrescentou não acreditar ter feito nada de mal e que seus comentários no estúdio eram típicos em conversas entre membros de uma mesma "família".
Esse é "exatamente o tipo de reação que me irrita", disse Oliver, que ressaltou que Hunter "não teria nenhum interesse em mentir".
A discussão continuou em um tom cada vez mais áspero, representando boa parte do debate, que supostamente deveria estar centrado em outros assuntos.
Em um determinado momento, Hoffman mencionou o seu papel em "Tootsie" (1982), no qual interpretou uma mulher, usando como exemplo para explicar como teria percebido "como os homens eram agressivos" com as mulheres.
A discussão resume o clima atual nos Estados Unidos, onde, desde que o caso Weisntein veio à tona, não passa um só dia sem que algum homem poderoso seja acusado de assédio ou abuso sexual.
Os setores do entretenimento, da política, cultura e mídia são os mais afetados por essas revelações, com dezenas de pessoas acusadas. Muitos dos acusados foram despedidos ou suspensos de suas atividades.