A estratégia para o Oriente Médio do presidente americano, Donald Trump, que reconheceu nesta quarta-feira (6) Jerusalém como a capital de Israel, e contrária à empregada por seu antecessor, Barack Obama.
- Israel e os palestinos -
Trump retornou a uma política de apoio incondicional a Israel, após um fim de mandato de Obama marcado pela crise gerada depois da recusa dos Estados Unidos de bloquear uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava a colonização israelense.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyhu, qualificou de "histórica" a decisão de Trump, chamando-a de "corajosa e justa". Já havia assegurado após a chegada ao poder do presidente americano que esperava uma aliança "mais forte do que nunca" com Washington.
O novo embaixador dos Estados Unidos em Israel, David Friedman, também é conhecido por suas posições favoráveis à colonização, e Washington anunciou sua retirada da Unesco, acusando-a de ser anti-Israel.
Trump encarregou seu genro e assessor pessoal, Jared Kushner, de retomar as negociações entre israelenses e palestinos. No entanto, se distanciou da ideia de um Estado palestino, e os líderes palestinos não escondem a sua frustração, ameaçando, inclusive, com o fechamento de sua missão diplomática em Washington.
- Irã -
Trump considera que a República Islâmica do Irã é a principal ameaça no Oriente Médio e multiplicou as declarações incendiárias contra seu papel "desestabilizador" em Iêmen, Síria e Líbano.
Contrário ao acordo assinado em 2015 pelas principais potências com o Irã para evitar que Teerã se dote de uma bomba atômica, o presidente americano ameaçou acabar com o pacto "a qualquer momento" e se negou a certificar o texto, elogiado por Obama como "uma oportunidade para ir em uma nova direção".
Enquanto os signatários do acordo nuclear estão tentando salvá-lo, Netanyahu parabenizou o bilionário republicano por sua "corajosa decisão" e a Arábia Saudita elogiou sua "estratégia firme" contra um inimigo comum, que é seu grande rival regional xiita.
- Aliados históricos -
Trump renovou o vínculo dos Estados Unidos com a Arábia Saudita após vários anos de tensões entre essa monarquia sunita e o governo de Obama, acusado de favorecer uma aproximação com o Irã.
Como sinal desse reencontro, Trump foi para Riad em sua primeira viagem ao exterior. Além disso, apoiou o expurgo anticorrupção ordenado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e, por um tempo, o bloqueio imposto em junho pelos sauditas ao Catar, sede de uma base militar americana.
A monarquia absoluta sunita, comandada até agora pelo wahabismo, versão radical do Islã que alimentou muitos extremistas, encarna para Washington a estabilidade regional, apesar de suas intervenções militares no Iêmen atualmente e no Bahrein em 2011.
No Egito, Trump iniciou uma aproximação com seu contraparte Abdel Fattah al-Sissi, que governa com mão de ferro desde 2013. A relação foi tumultuada na era Obama, que havia suspendido em parte a ajuda militar entre 2013 e 2015 depois da violenta repressão contra os partidários do ex-presidente islamita Mohamed Morsi após sua destituição.
Mas o Cairo é um aliado próximo na luta contra o terrorismo e ocupa um lugar inquestionável no conflito entre israelenses e palestinos.
Trump elogiou em abril o "trabalho fantástico" de Al-Sissi, embora em agosto Washington tenha anunciado o congelamento de parte de sua assistência militar à espera de um "progresso na democracia". Em setembro houve outra mudança de rumo, quando Trump declarou considerar a reativação da ajuda militar.
- Síria -
Trump, que acusou Obama de lassidão contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, ordenou em abril a primeira ação militar americana contra o governo em seis anos de guerra civil: um ataque com mísseis contra uma base militar em represália por um ataque a uma cidade rebelde que matou 87 pessoas, incluindo 31 crianças.
Washington, que mobilizou cerca de 2.000 soldados na Síria, disse na terça-feira que manterá sua presença militar "o tempo que for necessário" para evitar o retorno do grupo extremista Estado Islâmico.
Esta estratégia é o contrário da retirada gradual do Afeganistão decidida por Obama, que enfureceu os militares por considerá-la um sinal aos talibãs para retomarem suas operações.
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