O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos advertiu nesta segunda-feira (11) que as duras sanções impostas contra a Coreia do Norte complicam a chegada de ajuda ao país.
Cerca de 18 dos 25 milhões de norte-coreanos, que representam 70% da população, sofrem com a escassez de alimentos, e 13 milhões sobrevivem graças às agências de ajuda humanitária, convertidas "literalmente em um salva-vidas", afirmou Zeid Ra'ad al Hussein ao Conselho de Segurança.
"As sanções podem afetar negativamente esta ajuda essencial", explicou durante uma reunião sobre direitos humanos na Coreia do Norte.
As medidas que endureceram o controle sobre as transferências bancárias "retardar as operações da ONU, afetando a entrega de comida, kits de higiene pessoal e outro tipo de ajuda humanitária", afirmou.
Al Hussein pediu ao Conselho que avaliem o impacto das sanções sobre os direitos humanos e que tomem medidas para minimizar as consequências.
O Conselho de Segurança adotou no último ano três pacotes de sanções com o objetivo de afetar o programa militar de Pyongyang, depois que o regime de Kim Jong-Un realizou seu sexto teste nuclear e lançou mísseis.
O Alto Comissariado ressaltou que "as tensões militares (na região) parecem ter aprofundado as extremamente sérias violações de direitos humanos".
Pyongyang é acusada pela ONU de prisões arbitrárias e de administrar uma rede de prisões em que se recorre à tortura, além de outros tipos de abusos.
O Conselho de Segurança celebrou a reunião depois que a China não conseguiu apoio suficiente para bloqueá-la.
Dez países votaram a favor de debater os direitos humanos na Coreia do Norte, três contra (China, Rússia e Bolívia) e dois se abstiveram (Egito e Etiópia).
É preciso uma maioria de pelo menos nove votos para que se celebre uma reunião. O direito a veto dos cinco membros permanentes não se aplica em uma votação de procedimento.
Estados Unidos, Reino Unido, França, Suécia, Itália, Japão, Senegal, Ucrânia e Uruguai solicitaram a reunião, a quarta desde 2014.
A China, aliado de Pyongyang, tentou todos os anos bloquear a discussão sobre os direitos humanos na Coreia do Norte, argumentando que o Conselho de Direitos Humanos em Genebra é o lugar indicado para discutir essas preocupações, e não no Conselho de Segurança da ONU.