Jornal Estado de Minas

Arquivada investigação contra militares franceses acusados de abuso de crianças na RCA

A justiça francesa ordenou arquivar a investigação sobre supostos abusos sexuais de crianças centro-africanas cometidos por militares franceses entre 2013 e 2014, visto que não foi possível demonstrar a implicação dos militares, disseram na segunda-feira à AFP fontes concordantes.

Seguindo a posição da procuradoria de Paris, os juízes ordenaram na quinta-feira que esta investigação seja arquivada, indicou uma fonte judicial.

As acusações envolviam soldados da operação Sangaris, que foi lançada em dezembro de 2013 para por fim aos confrontos entre milícias cristãs e muçulmanas na República Centro-africana. Na operação, avalizada pela ONU, participaram 2.000 soldados franceses.

A procuradoria de Paris indicou que "não se podia afirmar ao fechamento da investigação que não foram cometidos abusos sexuais". Mas estimou que as inconsistências materiais e "a variação dos testemunhos não permitiam estabelecer fatos fundamentados e apoiados contra os militares", de acordo com uma fonte próxima à investigação.

Em abril de 2015, o jornal britânico The Guardian revelou uma nota interna da ONU que documentava as entrevistas de seis meninos de 9 a 13 anos que acusavam soldados franceses de ter abusado deles entre dezembro de 2013 e junho de 2014 no campo de deslocados do aeroporto M'Poko de Bangui, em troca de comida.

As acusações envolviam uma dúzia de soldados. Os investigadores viajaram à República Centro-africana para interrogar os menores em 2015 e 2016.

O advogado da ONG Ecpat Emmanuel Daoud, que luta contra a exploração sexual de menores, indicou que apelará da decisão.

.