Faltando oito dias para que um tribunal de segunda instância decida o futuro político de Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, afirmou que para prender o ex-presidente será preciso "matar gente".
"Para prender Lula, vai ter que prender muita gente, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar", afirmou a senadora, presidente nacional do partido, em entrevista publicada nesta terça-feira (16) em entrevista ao portal Poder360, reproduzida na página oficial do PT.
Lula, de 72 anos, líder nas intenções de voto para as eleições de outubro, foi condenado em julho a nove anos e meio de prisão pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro, de Curitiba, e espera em liberdade o julgamento em segunda instância, previsto para 24 de janeiro em Porto Alegre.
No entanto, uma prisão imediata do ex-presidente (2003-2010) está praticamente descartada, já que seja qual for a decisão dos magistrados, ainda caberá recursos.
Lula foi condenado por receber uma cobertura tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, da empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobras. O líder da esquerda, que enfrenta outros seis processos por corrupção, alega inocência e denuncia uma conspiração para impedi-lo de voltar ao poder.
Se a condenação for confirmada, o ex-presidente será enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficará inabilitado politicamente, mas existem recursos que podem permitir que continue na corrida para as eleições de outubro.
As declarações de Gleisi vêm à tona enquanto o PT intensifica sua agenda de mobilizações para apoiar seu líder, como as preparadas em Porto Alegre e em São Paulo.
Lula, a princípio, deverá aguardar a sentença na capital paulista.
Preocupado com a segurança dos magistrados, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador Carlos Thompson Flores, reuniu-se na segunda-feira, em Brasília, com a presidente do Supremo, Cármen Lúcia.
No entanto, para a presidente do PT, independentemente da decisão que for tomada na semana que vem, não será o fim das aspirações presidenciais do ex-líder sindical.
"Esta condenação não tem nada a ver com a candidatura de Lula (...) Porque a candidatura só se resolve na Justiça eleitoral. É em outra esfera. Não há nada que nos impeça de registrar Lula como candidato no dia 15 de agosto", acrescentou.
A tese é compartilhada pelo PT, que se negou a apresentar um plano B, apesar da complexa situação judicial de seu líder.
"[A absolvição] seria o único resultado capaz de resgatar a seriedade da Justiça brasileira", desafiou Hoffmann.