Sobrevivente dos campos nazistas, antes de fazer uma carreira como guitarrista de jazz, o músico alemão "Coco Schumann" morreu aos 93 anos.
Heinz Jakob Schumann faleceu em Berlim, no domingo, após uma vida digna de romance, anunciou nesta segunda-feira sua gravadora, Trikont.
Ele se distinguiu musicalmente por ter sido um dos primeiros a introduzir a guitarra elétrica na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, bem como por uma infinidade de concertos com seu "Quarteto Coco Schumann". Mas foi especialmente por seu percurso e história pessoal dramática que ficou conhecido em seu país e no exterior.
Filho de um alemão cristão convertido ao judaísmo e a uma mãe alemã judia, foi preso em 1943 e enviado ao campo de concentração de Théresienstadt, nos Sudetes, anexado pelo Terceiro Reich, para tocar para os SS. Seu grupo recebeu o nome de "Ghetto Swingers".
Em setembro de 1944, foi internado no campo de extermínio de Auschwitz. Com outros músicos, era obrigado a tocar quando os novos deportados chegavam, para os kapos ou quando os prisioneiros deixavam o campo de trabalho.
"Quando eu tocava, esquecia tudo. Esquecia a estrela amarela costurada no meu peito, as paredes do gueto, a fome", disse ele ao jornal francês Le Monde há uma década.
Libertado pelas tropas americanas, sobrevivente de uma grave doença, primeiro decidiu ficar na Alemanha, onde começou sua carreira como músico de jazz e swing.
Em 1950, exilou-se com sua família na Austrália, mas, por falta de sucesso, retornou quatro anos depois.
Durante muito tempo, pouco falou sobre a deportação. "De qualquer forma, ninguém entenderia. Estava um pouco envergonhado de ter sobrevivido e queria ser reconhecido como músico, não como um sobrevivente de Auschwitz", disse ele ao Le Monde.