Washington – Em letras garrafais e iluminadas, manifestantes contrários ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, projetaram a expressão “lugar de merda” em frente ao Trump International Hotel, em Washington D.C., um dos hotéis cinco estrelas do magnata. O protesto no empreendimento localizado no centro do poder dos EUA, na Avenida Pensilvânia, entre a Casa Branca e o Capitólio, ocorreu há duas semanas em reação à fala do republicano, que questionou a um jornal: “Por que temos essas pessoas de países ‘buraco de merda’ vindo para cá?”, em referência a imigrantes de El Salvador, Haiti e países africanos. O Estado de Minas visitou o prédio para conhecer que “lugar de merda” é, afinal, o hotel mais luxuoso da capital norte-americana, com diárias de até US$ 25 mil.
Antes mesmo de entrar no edifício histórico de 1899, onde funcionou o antigo serviço dos correios, os veículos no estacionamento dão elementos para imaginar o requinte que o hóspede vai encontrar do lado de dentro. Limusines, carros esportivos e SUVs já são atração à parte na empreitada turística pelo império de Trump. A surpresa é perceber, ao ouvir o inglês com sotaque africano e indiano, que os manobristas do hotel são imigrantes. “Ele (Trump) gosta de imigrante”, disse um deles, enquanto estacionava a bicicleta da repórter, ao lado dos modelos top de linha.
No hotel do presidente, não é necessário abrir portas, porque há sempre um funcionário que fará isso por você. Para agradar aos hóspedes dos 263 quartos – quase nenhum é igual ao outro, para dar caráter de exclusividade a cada habitação, sendo que algumas têm vista para o Capitólio –, um lobby, com piso de mármore de variadas padronagens e situado abaixo de estrutura metálica dourada, abriga mobiliário com poltronas de veludo azul-claro, azul-marinho e bege.
Na parede acima do bar, uma bandeira dos Estados Unidos de dimensão monumental ocupa pelo menos três andares da edificação. Os lustres de cristal têm igualmente proporção grandiosa, assim como os detalhes em dourado, inclusive nos carpetes dos corredores, estampados com arabescos, ou nos metais, do lavabo e do vaso sanitário. Tudo no Trump International Hotel é luxuoso.
É ali no lobby onde acontecem confraternizações de happy hour no Benjamin Bar & Lounge, regadas a champagne e bourbon, um clássico de D.C.. Quem prefere jantar tem também dentro do hotel a opção de ir ao BLT Prime, do chef David Burke, considerado um expoente da nova cozinha americana. No cardápio do Benjamin, entre as entradas, a mais exuberante e cara leva o nome de “Trump Tower” (torre de Trump). O prato de US$ 120 conta com lagosta, ostra, camarões, coquetel de caranguejo azul, entre outros frutos do mar.
CHUVA DE CHAMPANHE
Uma seleção de queijos internacionais ornamentada de forma requintada fica numa mesa no meio do salão. Mais adiante, um carrinho com pelo menos 10 garrafas de espumante mergulhadas em pedras de gelo estão à disposição para a escolha dos clientes. De repente, o toque dos sinos chama atenção para o espetáculo. O sommelier, responsável pelas cartas de vinhos e espumantes, estoura uma garrafa Veuve Clicquot e serve o legítimo champanhe em taças de cristal. Um grupo de moças brinda o feito. “Se os clientes permitem, tocamos o sino quando compram champanhe”, conta o sommelier. “Isso acontece sempre”, esclarece, de forma cordial.
Todo o tempo, um exército de funcionários se dedica a tornar os momentos no Trump International uma experiência única para quem frequenta o hotel. A diária custa a partir de US$ 364, na suíte mais simples, que conta com cama king size, banheira, máquina de café expresso, televisão HD com 55 polegadas, roupão de plush, cardápio de travesseiros (diferentes modelos à escolha do visitante), entre outras mordomias. Além do wi-fi, todos os hóspedes têm acesso gratuito a assinatura digital de mais de 5 mil jornais e revistas durante a estadia.
Com 585 metros quadrados, três andares e três quartos, a suíte mais luxuosa, considerada a maior do país, leva o nome de Trump Townhouse (casa Trump na cidade, na tradução). De acordo com o recepcionista, a diária dessa suíte custa US$ 25 mil. Além de SPA e outros mimos, os hóspedes de Trump contam também com facilidades para frequentar o clube de golfe do presidente, adepto do esporte, em Washington.
O Trump International Hotel Washington D.C. foi inaugurado em setembro de 2016, antes de Trump ser eleito presidente dos EUA, em novembro. O hotel já foi aberto com um salão batizado como Presidential Ballroom (salão presidencial), apontado como o maior salão para convenções na cidade. A obra ficou pronta dois anos antes do prazo, levando o poderio do magnata para a capital norte-americana independentemente do resultado das urnas.
“Foi uma jornada incrível transformar o Old Post Office (antigo serviço de correios) no mais luxuoso hotel do país – senão do mundo”, disse Ivanka Trump, filha do presidente, no dia da inauguração. Desde que foi inaugurado, o local se tornou alvo de protestos e manifestações contrárias a Donald Trump, que é dono de uma rede com 12 hotéis espalhados pelos EUA. O mais famoso deles é o Trump Tower New York, em Nova York, onde o bilionário tem um apartamento.