O Canadá, país que acolheu mais refugiados africanos provenientes de Israel do que qualquer outra nação, expressou sua preocupação pelos planos do Estado hebreu de deportá-los de maneira maciça, disse um funcionário do governo nesta segunda-feira (19).
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que Ottawa está "preocupado" que Israel trabalhe para expulsar milhares de eritreus e sudaneses que durante anos entraram de maneira ilegal em seu país, dando a eles um ultimato: sair antes de 1º de abril, ou arriscar ser presos de forma indefinida.
Diante da situação desses migrantes, que poderiam enfrentar perigos ou a prisão se retornarem a seus países, Israel também ofereceu realocá-los em um terceiro país não especificado.
As Nações Unidas qualificaram de incoerente e insegura a política de expulsão de Israel, que oferece a cada migrante 3.500 dólares e uma passagem de avião.
"O Canadá não apoia políticas de deportação em massa de solicitantes de refúgio", disse Adam Austen, porta-voz da chanceler canadense, Chrystia Freeland.
Acrescentou que as expulsões infringem os direitos dos migrantes, previstos no Estatuto do Refugiado da Convenção de Genebra, da qual Israel é signatário.
"Sendo o país que acolhe o maior número de africanos que buscam refúgio de Israel, estamos em contato direto com o governo israelense para transmiti-lo as preocupações do Canadá sobre a situação", assinalou.
Em um relatório da ONU sobre direitos humanos divulgado em janeiro, o Canadá abordou a "discriminação institucional e social" que os grupos minoritários sofrem em Israel, particularmente os africanos que buscam refúgio.
"Os solicitantes africanos de refúgio têm um acesso escasso aos serviços sociais básicos", assinala um resumo do relatório, que também alerta sobre o fato de que os migrantes podem ser "pressionados a aceitar compensações para uma saída 'voluntária', ou serem detidos de maneira indefinida se não aceitarem ir".
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