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Estado de Minas

Anistia condena 'política do ódio' de Trump e situação na AL


postado em 22/02/2018 08:00

As "políticas demonizadoras", como as do presidente dos EUA, Donald Trump, prepararam o terreno para os abusos de direitos humanos em 2017 - concluiu a organização Anistia Internacional em seu relatório anual divulgado nesta quinta-feira (22), no qual denuncia a falta de avanços na América Latina.

Essas políticas se cristalizaram na resposta para a crise dos refugiados nos Estados Unidos e na Europa, afirma a Anistia, citando como exemplo a ordem executiva do presidente Trump que proíbe a entrada de cidadãos de vários países de maioria muçulmana.

"Em 2017, milhões de pessoas pelo mundo inteiro sofreram o fruto amargo do aumento das políticas de demonização", disse a Anistia, que pela primeira vez lança seu informe nos Estados Unidos, mais precisamente em Washington.

A organização com sede em Londres acusou os países ricos de abordarem a crise dos refugiados "com uma mistura de pretextos e de absoluta insensibilidade".

"A maioria dos líderes europeus foi incapaz de enfrentar o grande desafio de regular a imigração de um modo legal e seguro e decidiu que não há praticamente qualquer excesso em seus esforços para manter os refugiados afastados do litoral", acrescentou a ONG.

A presidente da Anistia, Salil Shetty, acusou Trump em particular.

A decisão de proibir a entrada nos EUA de cidadãos de vários países muçulmanos "estabeleceu as bases em um ano, no qual os líderes levaram as políticas do ódio até seu extremo mais perigoso", disse ela.

"As políticas de Trump podem ter marcado uma nova era de regressão nos direitos humanos, mas não são exclusivas", acrescentou Shetty.

"Se você olhar, da Austrália à Hungria, os líderes estão há tempos tratando os refugiados e os imigrantes como um problema a ser deixado de lado", completou Salil.

- 'Altos níveis' de violência na AL -

Em seu capítulo sobre as Américas, a ONG denunciou que "a discriminação e a desigualdade continuaram sendo a norma por todo continente".

"Os altos níveis de violência continuaram assolando a região, com ondas de assassinatos, desaparecimentos forçados e detenções arbitrárias", relata o documento.

Os defensores dos direitos humanos sofreram "crescentes níveis de violência" e "a impunidade se manteve".

A organização destacou a extrema violência que se vive no Brasil, em El Salvador, em Honduras, no México e na Venezuela, e classificou como "preocupante" o perdão concedido pelo Peru a seu ex-presidente Alberto Fujimori.

No caso da Venezuela, a Anistia considerou que o país enfrenta "uma das piores crises de direitos humanos de sua história recente, alimentada por uma escalada da violência promovida pelo governo" de Nicolás Maduro.

"Mais do que abordar a crise de alimentos e de saúde, as autoridades (venezuelanas) instituíram uma política premeditada de repressão violenta de qualquer forma de dissidência".

No caso do Brasil, a Anistia condenou a violência policial no Rio de Janeiro e o aumento das violações dos direitos humanos no restante do país.

No México, mais de 34.000 pessoas continuam desaparecidas, e "as execuções extrajudiciais foram abundantes". O texto também menciona tortura e maus-tratos.

A organização saudou "o potencial passo adiante" tomado pelo Senado mexicano com a aprovação de uma lei para combater e investigar os desaparecimentos.

O informe também reservou críticas para o governo espanhol de Mariano Rajoy por seu tratamento do desafio separatista na Catalunha.

"Os direitos de liberdade de expressão e de reunião pacífica dos partidários da independência da Catalunha foram desproporcionalmente restringidos", garante o informe, citando, sobretudo, a resposta policial ao referendo ilegal de independência de 1º de outubro de 2017.


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