Berlim, 04 - O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do plano de sobretaxar as importações de aço pode elevar os preços nos EUA no curto prazo, mas a medida pode ter o efeito oposto na Europa. O objetivo de Trump, anunciado na semana passada, de impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as importações de alumínio pode desviar para a União Europeia um fluxo de aço barato que atualmente vai para os EUA, temem siderúrgicas da União Europeia.
"Os fluxos de comércio desviados ameaçam a Europa com um novo excesso de aço quando, do jeito que as coisas estão, o mercado da UE está longe de enfrentar a (sua própria) crise de importação", disse Hans Jürgen Kerkhoff, presidente da Federação Alemã de Aço. "Se a UE não agir, nossa indústria siderúrgica vai assumir a conta do protecionismo norte-americano".
No ano passado, as importações da UE de aço laminado aumentaram 1%, para 32 milhões de toneladas, um recorde, de acordo com a Federação Alemã de Aço. O governo Trump indicou que quer reduzir as importações de aço norte-americanas em 13 milhões de toneladas - um volume que poderia acabar na Europa, cujos líderes têm se posicionado como defensores do livre comércio e veem tarifas como último recurso.
Esse risco vem em um momento em que os maiores produtores de aço da Europa - a ArcelorMittal em Luxemburgo e a alemã Thyssenkrupp - exploraram fusões e consolidações para manter os seus negócios intactos. A Thyssenkrupp tem lutado contra excesso de capacidade em seu mercado interno e discutido desde setembro planos com a Tata Steel da Índia para combinar o negócio europeu de produção de aço. A ArcelorMittal Mittal, que é produto de uma consolidação entre empresas da Europa e da Índia em 2006, disse na sexta-feira que concorda com a necessidade de resolver o problema do excesso de capacidade em todo o mundo, mas não com a decisão dos EUA de colocar um muro comercial unilateral. "A maior necessidade - é criar uma indústria siderúrgica global verdadeiramente sustentável", afirmou a empresa em comunicado.
Seth Rosenfeld, analista sênior de pesquisa que cobre aço europeu e norte-americano no banco de investimentos Jefferies em Londres, disse que o risco para as siderúrgicas europeias é real, mas a União Europeia possui suas próprias alavancas comerciais disponíveis. "Investidores estão corretamente preocupados com o fato de o aço ser redirecionado dos EUA para a Europa, mas esperamos que a UE responda de forma agressiva e rápida", disse Rosenfeld. Fonte: Dow Jones Newswires.
(AE)