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Estado de Minas

UE cerra fileiras com Londres no caso de ex-espião russo envenenado


postado em 22/03/2018 21:00

Os líderes europeus fecharam fileiras com Londres nesta quinta-feira (22) ao considerarem "muito provável" que Moscou esteja por trás do envenenamento de um ex-espião russo em solo britânico, um ataque que, segundo a primeira-ministra britânica, "ameaça" todo o bloco.

"O Conselho Europeu está de acordo com o governo do Reino Unido de que é muito provável que a Rússia seja responsável pelo ataque" ocorrido na cidade inglesa de Salisbury, "e que não há outra explicação plausível", tuitou seu presidente, Donald Tusk, durante uma cúpula europeia.

A declaração de Tusk foi feita depois que a primeira-ministra britânica, Theresa May, informou a seus 27 sócios sobre os últimos avanços na investigação do envenenamento sofrido em 4 de março por Serguei Skripal, um ex-agente russo, e por sua filha, Yulia, no Reino Unido.

May, que chegou a Bruxelas com a intenção de reunir um apoio unânime da União Europeia (UE), alertou sobre a "ameaça" representada pela Rússia para todo o bloco. Este ataque "faz parte de um padrão de agressão russa contra a Europa e seus vizinhos próximos, dos Bálcãs ocidentais até o Oriente Médio", sustentou.

A primeira-ministra do Reino Unido, que também faz parte da Otan junto com a maioria dos países do bloco, previu inclusive que a ameaça continuará "nos próximos anos", muito depois de o Reino Unido sair da UE, em 2019, após o Brexit.

- Uma 'mensagem forte' -

Após uma reunião tripartidária com May, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, pediram que a UE adote uma "mensagem forte" diante do ataque, considerado o primeiro uso de um agente neurotóxico nas ruas da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A França estaria disposta, se May desejar, a ser mais explícita em seu apoio ao Reino Unido e, inclusive, a adotar eventuais medidas em coordenação com outros países europeus, indicou uma fonte do Eliseu, sem detalhar que ações poderiam ser tomadas.

Os líderes europeus expressam seu apoio a Londres na declaração dos 28, mas não falaram explicitamente de sanções. Limitaram-se a assinalar que "coordenarão as consequências das respostas fornecidas pela Rússia".

Alguns Estados como Itália, Grécia e Áustria, que não querem tensionar mais a relação com Moscou, se mostram reticentes a adotar uma posição mais firme.

"Devemos expressar nossa solidariedade com o Reino Unido, mas, ao mesmo tempo (...), devemos ser muito responsáveis na gestão desse caso", declarou o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.

Os europeus preveem abordar a relação com a Rússia durante uma reunião de chanceleres em meados de abril em Luxemburgo.

Para isso, poderiam contar com os resultados obtidos da análise do sangue de Skripal e de sua filha, que atualmente se encontram em estado crítico. Um juiz britânico autorizou nesta quinta-feira sua extração para análise por especialistas em armas químicas.

- Escalada de tensões -

Este ataque provocou uma escalada das tensões entre Londres e Moscou, que procederam cada um com a expulsão de 23 diplomatas e vivem em uma ácida guerra de declarações.

O último episódio foi protagonizado pelo ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, que comparou a Copa do Mundo da Rússia-2018 aos Jogos Olímpicos de Berlim-1936, que estava sob o comando de Adolf Hitler, um paralelo tachado pela Rússia de "asqueroso".

Os torcedores ingleses estarão "seguros" na Rússia apesar da crise latente entre Londres e Moscou, assegurou o embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko, em uma tentativa de acalmar os ânimos.

Enquanto isso, em Moscou, o presidente Vladimir Putin reuniu nesta quinta o seu conselho de Segurança e abordou "a política pouco amistosa e provocadora do Reino Unido com a Rússia", segundo um comunicado do Kremlin.

A Rússia, que já é alvo de sanções econômicas por seu envolvimento no conflito na Ucrânia, nega estar envolvida no envenenamento e chegou a insinuar que o ataque foi uma "encenação" das autoridades britânicas.

Em outro tema, os líderes europeus esperavam nesta quinta-feira a confirmação do presidente americano, Donald Trump, de que os exonera de suas pesadas taxas siderúrgicas, como adiantou mais cedo seu representante de Comércio, Robert Lighthizer.

Na sexta-feira, já sem May, será abordada a futura relação, inclusive a comercial, com o Reino Unido depois do Brexit, previsto para 29 de março de 2019.


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