A entrada principal da prestigiosa Universidade Sciences Po em Paris foi fechada nesta quarta-feira (18), depois que estudantes que se opõem à reforma educacional do presidente Emmanuel Macron ocuparam uma parte do estabelecimento.
A direção desse Instituto de Ciência Política de Paris, onde estuda boa parte da elite francesa, justificou a decisão por motivos de segurança.
"O edifício principal da Sciences Po Paris está ocupado de maneira pacífica, com base em uma decisão tomada durante uma assembleia geral de estudantes", informaram os alunos em nota enviada para a AFP na terça à noite.
"Ocupar a Sciences Po é fortemente simbólico, já que foi aqui que estudou Emmanuel Macron e vários membros de sua maioria parlamentar", acrescentaram os estudantes na mesma nota.
Os alunos espalharam cartazes na fachada do prédio, que fica no 7º distrito da capital francesa, com lemas como "os estudantes de Sciences Po contra a ditadura macronista", ou "Macron, sua universidade está bloqueada".
Mais de 100 alunos se concentravam nesta manhã na frente do estabelecimento - alguns para irem às aulas, outros, em solidariedade aos companheiros.
Entre eles, está Thomas, um estudante do Mestrado de Relações Internacionais, que disse à AFP apoiar esse movimento que faz parte de uma "contestação mais global contra a política do governo".
"É uma vergonha!", denunciou Paul, estudante do primeiro ano. "É uma minoria que está bloqueando. Muita gente quer ir para a aula. Tem uma minoria silenciosa que não quer isso", completou.
Estudantes franceses ocupam várias universidades desde maio para protestar contra a reforma educacional promovida por Macron, que quer conceder às universidades públicas o poder de estabelecer critérios de admissão.
Para os estudantes, essa reforma é um primeiro passo para mudar um sistema de seleção até agora tabu no país da "educação gratuita para todos".
Na quinta-feira passada, a Polícia interveio para evacuar a renomada Universidade de Sorbonne, ocupada por cerca de 200 estudantes.
Outras universidades foram evacuadas nos últimos dias, incluindo Nanterre, perto de Paris, berço do grande movimento de protesto estudantil de Maio de 1968.
O bloqueio da Sciences Po coincide com a sétima jornada de greves de trabalhadores ferroviários contra uma polêmica reforma do setor lançada por Macron. O tráfego ferroviário deve ficar tumultuado hoje, mas menos do que nos dias anteriores.