A Câmara dos Lordes poderia infligir, nesta quarta-feira (18), uma constrangedora derrota à primeira-ministra britânica, Theresa May, ao aprovar uma emenda para questionar sua vontade de deixar a união aduaneira, durante a examinação do projeto de lei sobre o Brexit.
O governo conservador de May se comprometeu a deixar o mercado único e a união aduaneira para poder controlar a imigração e poder negociar com o resto dos países de forma independente.
Mas um divórcio nessas condições preocupa por suas eventuais consequências na economia e na paz na Irlanda do Norte, se se restabelecer uma fronteira com a vizinha República da Irlanda.
Os lordes, pró-UE em sua maioria, apresentaram a votação neste quarta-feira uma emenda de vários partidos.
"As vantagens da união aduaneira pesam mais que a fantasia dos acordos comerciais, que, segundo alguns membros do governo, iriam nos servis de bandeja", declarou Keir Starmer, encarregado para o Brexit dos trabalhistas (oposição).
"Esperamos obter uma vitória muito importante neste ponto para moldar o tipo de acordo que possamos ter com a UE", acrescentou.
O grupo conservador, as divisões que marcaram o exame do texto persistem.
A união aduaneira está "longe de ser a panaceia", mas "é a melhor opção", considerou o ex-ministro conservador Dominic Grieve.
Antes da votação, um porta-voz de Theresa May destacou que a primeira-ministra foi "muito clara sobre o fato de que os britânicos votaram para deixar a UE" e que "isso significa que abandonamos a união aduaneira".
Além disso, se prevê que os lordes contestem que o governo possa recorrer aos "Poderes de Henrique VIII", uma disposição que permite modificar uma lei sem o pleno controle do Parlamento, e também se poderia estudar a possibilidade de modificar a hora do Brexit (fixada em 29 de março de 2019 às 23H00 GMT).
O texto depois voltará aos deputados, que o aprovaram em janeiro.
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