O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, anunciou nesta quarta-feira que deixará de usar o aplicativo de mensagens Telegram para utilizar serviços de mensagens iranianos, com o objetivo de "preservar o interesse nacional".
O presidente Hasan Rohani também renunciou a utilizar o aplicativo e seus serviços publicaram uma norma proibindo todos os setores do governo e todas os órgãos de usarem os aplicativos de mensagens estrangeiros para se comunicarem com o exterior, informou a agência oficial Irna.
O anúncio acontece em um contexto de boatos sobre o bloqueio de todos os serviços de mensagens estrangeiros, começando pelo Telegram, que afirma ter 40 milhões de usuários no Irã, ou seja, uma em cada duas pessoas.
"Com o objetivo de preservar o interesse nacional e romper com o monopólio do Telegram, o site para a conservação e a publicação das obras do grande grande aiatolá Khamenei cessa suas atividades neste serviço a partir de agora", indica a última mensagem publicada no canal do Telegram KHAMENEI.IR.
"A partir de agora, a difusão dos informes dos programas do honroso presidente da República Islâmica e do Irã continuará através de aplicativos de mensagens de nosso país", apontou a conta de Rohani.
O serviço de Khamenei redireciona os internautas para contas de aplicativos de mensagens iranianos, como Soroush e Gap, que as autoridades tentam promover.
Durante os protestos em dezenas de cidades iranianas no início do ano, as autoridades proibiram temporariamente o Telegram, acusado de ter permitido a grupos "contrarrevolucionários" com sede no exterior o uso de sua plataforma para alimentar os distúrbios.
Nos últimos meses foram desenvolvidas várias plataformas iranianas que oferecem os mesmos serviços que o Telegram. O Soroush afirma ter cinco milhões de usuários e o Gap 1,3 milhão. As autoridades afirmam que estas redes sociais oferecem as mesmas garantias de confidencialidade que as redes estrangeiras.
Facebook e Twitter, menos utilizados, estão bloqueados no Irã, mas podem ser acessados com facilidade com o uso de uma rede privada virtual (VPN).
A assessoria de Khamenei, que tem cinco contas de Twitter (persa, inglês, árabe, espanhol e francês), não informou a intenção de encerrá-las.