Depois de calorosas boas-vindas e de um glamouroso jantar privado, os presidentes Donald Trump e Emmanuel Macron porão à prova sua declarada amizade, nesta terça-feira (24), quando abordarão uma série de temas sensíveis, especialmente o acordo nuclear iraniano e a guerra comercial.
Hoje, o presidente americano e seu colega francês terão uma reunião de meia hora, a qual será, na sequência, estendida a seus assessores mais próximos por uma hora.
Esse deve ser um momento-chave dessa visita de Estado, a primeira de um dirigente estrangeiro na era Trump.
Na segunda-feira, os casais presidenciais plantaram, no jardim da Casa Branca, uma muda de carvalho oferecida pelo líder francês.
Em seu jantar privado, falaram da situação econômica americana, "das pesquisas do presidente Trump e da preparação para as eleições de meio de mandato" em novembro, indicou a Presidência francesa. Conversaram ainda sobre a regulação de Internet, assim como sobre a luta contra a radicalização e contra o terrorismo.
Também tocaram em pontos de atrito, como as tarifas que Trump quer impor a seus sócios sobre o aço e sobre o alumínio.
Nos últimos meses, Macron e Trump alternaram outras divergências - mudança climática, comércio e Irã -, mas também fizeram alianças: contra o Estado Islâmico (EI) e, sobretudo, pelas represálias conjuntas contra as instalações de armas químicas da Síria.
"Sobre o comércio, a Síria e a luta contra o terrorismo, têm uma vontade de construir uma agenda comum", garantiu a Presidência francesa na noite de segunda-feira, ressaltando um novo "ambiente muito amigável e pessoal" nas primeiras conversas dos presidentes em solo americano.
Nada foi mencionado sobre o assunto mais contencioso: o futuro do acordo nuclear iraniano que o presidente americano quer abandonar, se os termos não forem endurecidos para controlar a influência de Teerã no Oriente Médio. Trump tomará sua decisão em 12 de maio.
Nos últimos dias, Rússia, China, Reino Unido e Alemanha fizeram apelos pela manutenção do acordo.
"Não tenho um plano B" para garantir que o Irã não terá a bomba nuclear, disse Macron no domingo.
Paris quer propor a Trump um acordo complementar entre países ocidentais que responda às suas preocupações, mas a Presidência francesa estima que "os sinais não são animadores", levando-se em conta que Trump prometeu publicamente a seu eleitorado que deixará o tratado iraniano.
- Gala na Casa Branca -
Sobre as ameaças de tarifas sobre o aço e o alumínio europeus, Paris parece menos preocupada.
O governo francês espera que a exceção temporária que beneficia a União Europeia até o momento se torne permanente, depois que terminar esse período especial em 1º de maio.
"Não se faz guerra contra seus aliados", afirmou Macron no domingo.
Esta terça será diplomaticamente carregada. Após as reuniões na Casa Branca e uma entrevista coletiva em comum, Macron almoçará com o vice-presidente Mike Pence e com o secretário de Estado interino, John Sullivan. Depois, assistirá a uma cerimônia no cemitério militar de Arlington.
À noite, segundo a imprensa americana, será oferecido um jantar de Estado em homenagem ao presidente francês que reunirá cerca de 100 convidados na Casa Branca.
A lista oficial de convidados ainda não foi divulgada, mas o menu já foi amplamente detalhado: cheesecake, cordeiro e tartar de pêssego. E, para beber, vinhos do estado do Oregon de cepas originárias da França.
Na quarta-feira, Macron falará em inglês ao Congresso americano.
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