O presidente iraniano advertiu que o governo dos Estados Unidos lamentará "como nunca" um eventual abandono do acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerã, ao mesmo tempo que o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, tentará convencer Washington nesta segunda-feira a prosseguir com o texto.
O presidente americano, Donald Trump, ameaça retirar o país do acordo em 12 de maio. Ele exige dos aliados europeus que "reparem as terríveis falhas" ou, em caso contrário, voltará a impor sanções.
"Se os Estados Unidos deixarem o acordo nuclear, vocês logo verão que eles vão se arrepender como nunca antes na história", declarou o presidente iraniano, Hassan Rohani, em um discurso transmitido pela televisão pública.
"Trump deve saber que nosso povo está unido, o regime sionista (Israel) deve saber que nosso povo está unido", completou Rohani.
Trump deve anunciar até 12 de maio se Washington vai abandonar o acordo assinado em julho de 2015 pelos membros permanentes do Conselho de Segurança de la ONU (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia), mais Alemanha e Irã.
Com o texto, o Irã declara solenemente que não busca produzir a bomba atômica e concorda em frear seu programa nuclear para fornecer ao mundo garantias de que suas atividades não são militares.
Em troca, a República Islâmica conseguiu a retirada gradual e temporária das sanções internacionais impostas em razão desse programa.
Um alto funcionário do governo israelense afirmou no domingo que Trump não informou a seu país se vai abandonar ou não o acordo.
"De fato, eu não sei o que Trump vai dizer porque ele não me contou", afirmou outro alto funcionário, que pediu anonimato, deixando claro que Israel não foi informado sobre a decisão.
Nos últimos dias, o presidente francês, Emmanuel Macron, tentou salvar o acordo. Rohani respondeu que o texto "não é negociável".
O ministro britânico das Relações Exteriores inicia nesta segunda-feira uma visita de dois dias a Washington e o acordo nuclear com o Irã domina a agenda.
Boris Johnson tem reuniões previstas com o vice-presidente Mike Pence, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, e congressistas que atuam na Comissão de Relações Exteriores.
Johnson já declarou que o Reino Unido, que segue comprometido com o acordo, Estados Unidos e Europa estão "unidos em seus esforços para enfrentar o comportamento iraniano, que torna menos seguro o Oriente Médio, suas atividades cibercriminosas, seu apoio a grupos como o Hezbollah e seu perigoso programa de mísseis".
O apoio do Irã ao presidente sírio Bashar al-Assad, por meio do grupo armado libanês Hezbollah na guerra civil síria, e seu respaldo aos rebeldes huthis, também xiitas, no Iêmen aumentam a tensão entre Teerã e os países ocidentais.
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