O jornalista e cientista político Carlos Alvarado prestou juramento nesta terça-feira (8) como presidente da Costa Rica com o compromisso de alcançar a abolição do uso de combustíveis fósseis e de "descarbonizar" a economia em um país que se promove como paraíso ecológico.
Em um sinal da importância do tema ambiental em sua gestão, Alvarado chegou à Praça da Democracia, onde foi realizada a transmissão de comando, em um ônibus movido a hidrogênio, sem emissões causadoras da mudança climática.
"Temos a difícil e bela tarefa de abolir o uso de combustíveis fósseis em nossa economia para dar espaço ao uso de energias limpas e renováveis", declarou Alvarado em seu discurso de posse.
"A descarbonização é a grande tarefa de nossa geração e a Costa Rica deve estar entre os primeiros países do mundo a alcançá-la, se não o primeiro", acrescentou.
Para a Conferência Mundial sobre Mudança Climática de 2020, disse que a Costa Rica deve estar liderando os acordos de Paris sobre aquecimento global "sendo o laboratório mundial da descarbonização".
Aos 38 anos, Alvarado se tornou o presidente mais jovem do continente e assumiu o cargo acompanhado pelos presidentes de Bolívia, Evo Morales; Equador, Lenín Moreno; El Salvador, Salvador Sánchez Cerén; Guatemala, Jimmy Morales; Panamá, Juan Carlos Varela; e República Dominicana, Danilo Medina.
Eleito pelo Partido Ação Cidadã (PAC, centro esquerda), Alvarado montou um gabinete que pediu "unidade nacional" e que inclui formações de oposição.
O governo "é plural, nasce de um acordo de governo nacional e aspira a se sustentar no diálogo (...) O governo nacional tem e terá como norte trabalhar sobre o que nos une e não sobre o que nos divide", explicou.
- Desafios -
Seu gabinete é o primeiro a ter mais mulheres (14) do que homens (11) em cargos de ministros, incluindo a primeira-ministra das Relações Exteriores afrodescendente, Epsy Campbell, também vice-presidente.
Nou discurso, Alvarado definiu sete eixos temáticos que seu governo se focará: educação, segurança cidadã, saúde, projeção ambiental, mobilidade e infraestrutura, geração de emprego e recuperação da estabilidade fiscal.
Seu governo chega com o desafio de fazer frente a um déficit fiscal de 6,2% do PIB, que os quatro governos anteriores tentaram conter, mas não conseguiram que a Assembleia Legislativa aprovasse a reforma fiscal fundamental para ordenar as finanças.
Ao mesmo tempo, o aumento nos índices de criminalidade chegou em 2017 a 603 homicídios, o mais alto da história do país, para uma média de 12 assassinatos a cada 100 mil habitantes, considerado uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde.
"Devemos resolver de uma vez por todas os riscos que acarretam em um alto déficit fiscal", expressou Alvarado.
"Nosso governo se propôs a levar o déficit de sua situação, que excede 6,2% do PIB, a 3% quando terminar o mandato", em 2022, afirmou o novo presidente.
Para isso, se comprometeu a combater a evasão fiscal, o contrabando, reduzir a informalidade trabalhista, melhorar a arrecadação dos impostos existentes e manter uma estrita disciplina fiscal.
Sua maior dificuldade para impulsionar a reforma fiscal é a fraqueza do governista PAC no Congresso, com apenas 10 de 57 legisladores.
Com um legislativo fragmentado, Alvarado deverá fazer frente a um desemprego que ronda os 10% e um atraso histórico na infraestrutura.
Em termos de segurança cidadã, se comprometeu a fortalecê-la mediante ações de prevenção do crime e "uma atuação enérgica e coordenada para combater e fazer retroceder o crime organizado, o narcotráfico, a legitimação de capitais e a corrupção".
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