Jornal Estado de Minas

Morgan Freeman se desculpa após ser acusado de assédio sexual

O ator americano Morgan Freeman se desculpou nesta quinta-feira (24) após acusações de assédio sexual de oito mulheres, somando-se à longa lista de celebridades assinaladas por conduta inapropriada depois da explosão do caso Weinstein.

A emissora CNN revelou nesta quinta uma reportagem baseada em 16 depoimentos anônimos que descreveram a perturbadora conduta do aclamado ator no set de filmagem e em viagens promocionais.

"Qualquer pessoa que me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente ofenderia ou faria sentir incômodo", declarou Freeman rapidamente, que completa 81 anos na semana que vem, em comunicado.

"Me desculpo com quem quer que tenha se sentido incomodado ou desrespeitado, nunca foi a minha intenção".

A CNN citou uma jovem assistente de produção que disse ter sido assediada por Freeman durante meses no verão de 2015, quando trabalhava em seu filme "Despedida em grande estilo".

"Passava tentando levantar a minha saia e me perguntando se eu estava usando roupa íntima", disse a mulher, que esclareceu que nunca chegou a levantá-la pois cada vez que ele se aproximava, ela se afastava.

O ator Alan Arkin "disse a ele que parasse, e Morgan se enfureceu e não sabia o que dizer", relatou.

Também contou que a tocava repetidamente, colocava sua mão e esfregava a parte baixa de suas costas sem o seu consentimento, e frequentemente fazia comentários sobre a sua aparência.

Freeman tem uma longa e aclamada carreira, com um Oscar por seu papel em "Menina de ouro", além de outras quatro indicações.

"Conduzindo Miss Daisy" (1989), "Um sonho de liberdade" (1994), "Se7en: Os sete crimes capitais" (1995) e "Invictus" (2009) destacam-se entre os muitos papéis de uma carreira de mais de 50 anos deste ator, reconhecido por seu ativismo contra a discriminação racial.

As revelações o colocam na lista de celebridades de Hollywood e outras figuras públicas acusadas de assédio e abuso sexual desde as revelações contra o produtor Harvey Weinstein, que desataram o surgimento de movimentos como #MeToo e Time's Up.

- 'Qual a sua opinião sobre o assédio sexual?' -

A CNN indicou que a conduta denunciada pela assistente de produção não se limitou a esse único filme.

Citou uma integrante da produção do filme "Truque de mestre" que dizia que era regra da equipe "não usar nenhuma blusa que mostrasse os seios, não vestir nada que mostrasse as nádegas", ou qualquer roupa apertada, se Freeman estivesse escalado para a filmagem.

Muitas preferiram tomar essas medidas a denunciá-lo por medo de perder o trabalho, uma constante nas histórias de assédio e abuso em Hollywood.

Uma mulher que trabalhou como gerente na Revelations Entertainment, produtora que Freeman abriu com Lori McCreary, contou sua experiência com o ator. "Se aproximava do meu escritório para me cumprimentar e ficava ali me olhando fixamente, observando fixamente os meus seios".

Outros entrevistados tacharam o ambiente da empresa de "tóxico". Segundo a CNN, McCreary foi testemunha de alguns incidentes e, às vezes, alvo de comentários degradantes por parte de seu sócio.

Uma ex-funcionária da Revelations disse que, ao conhecer Freeman na série "Through the Wormhole", ele a olhou "de cima a baixo" e perguntou: "Qual a sua opinião sobre o assédio sexual?"

"Fiquei atônita", disse à CNN. "Essa é a pessoa para quem trabalhava. Não esperava. Disse timidamente 'adoro', com um tom sarcástico para tentar esclarecer as coisas porque eu estava muito confusa. Ele se virou e disse aos homens da produção: 'Estão vendo meninos, assim é que se faz'".

A coautora do artigo, Chloe Melas, disse também ter sido alvo de assédio por Freeman, que durante uma entrevista coletiva de um filme disse, ao ver sua barriga de grávida: "Adoraria estar aí dentro".

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