Paris, 25 - Os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Rússia, Vladimir Putin, anunciaram nesta quinta-feira, 24, em São Petersburgo, a intenção de lançar "iniciativas comuns" para manter o acordo nuclear do Irã e obter a paz na Síria e na Ucrânia. Ambos criticaram ainda a decisão de Donald Trump de cancelar a cúpula com a Coreia do Norte, o que põe em risco o esforço de desnuclearização da Península Coreana.
Macron e Putin encontraram-se às margens do Fórum Econômico de São Petersburgo, que contou ainda com a participação do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. A segunda reunião bilateral entre os dois desde 2017 - a primeira foi em Versalhes - ocorreu em meio ao crescente isolacionismo dos EUA, especialmente sobre o acordo nuclear iraniano.
Nos bastidores, Putin considera o presidente francês como o atual líder das democracias ocidentais, enquanto Macron vê o russo como o líder da "Europa iliberal". Por isso, segundo diplomatas russos e franceses, ambos pretendem construir um diálogo para contornar o isolacionismo americano.
"O momento em que vivemos impõe que nossos países possam tomar iniciativas comuns", afirmou Macron, durante entrevista coletiva realizada no Palácio de Constantino, centro do poder da antiga capital imperial russa.
Cúpula
Pouco antes, Macron e Putin haviam recebido a informação do cancelamento da cúpula entre Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Ambos criticaram a suspensão do encontro. "A Rússia lamenta a decisão (americana). Nós contávamos que seria o início da desnuclearização da Península Coreana", afirmou Putin, que defendeu o ditador norte-coreano.
"Kim Jong-un fez tudo o que tinha prometido. Nós esperamos que o diálogo possa recomeçar e continuar. Sem esse encontro, dificilmente poderemos esperar progressos na desnuclearização da Península Coreana. Vamos trabalhar para aproximar as posições americanas e coreanas."
Em sintonia com Putin, Macron pediu diálogo sobre o desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte. "Queremos que o processo de redução de tensão e a desnuclearização possam continuar, que a comunidade internacional possa desempenhar seu papel", afirmou o francês.
O tema de maior convergência entre os dois presidentes, no entanto, foi o Irã. "Desejo que o Irã continue plenamente engajado no acordo nuclear e não retome nenhuma atividade", disse Macron, satisfeito com as últimas informações transmitidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), segundo a qual Teerã continua respeitando o tratado. "Temos a vontade comum de preservar o acordo, que me parece ser útil para a segurança regional", reiterou Mácron.
Putin confirmou que o Kremlin também pretende fazer com que o acordo seja respeitado, mesmo após a retirada dos Estados Unidos.
"Pessoalmente, eu assegurei (a Macron) que o Irã está cumprindo todas suas obrigações", declarou o presidente russo. "Consideramos bem-vindos os esforços do Irã e da Europa para preservar esse acordo, embora acredite que esta seja uma missão muito difícil." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Andrei Netto, correspondente)