O Exército israelense realizou nesta terça-feira (29) uma série de ataques aéreos na Faixa de Gaza em resposta aos disparos de morteiros a partir do enclave palestino, após semanas de de confrontos sangrentos.
Paralelamente, uma flotilha de dezenas de pequenos barcos de pesca palestinos foi ao mar para denunciar o bloqueio marítimo do enclave. Os pescadores se aproximaram do limite de nove milhas náuticas (16 quilômetros) onde estavam ancorados navios israelenses para fazer respeitar o bloqueio.
A intenção desta operação marítima, proclamada como pacífica por seus organizadores, não estava clara. Uma tentativa de furar o bloqueio poderia resultar numa resposta violenta de Israel.
Desde o início da manhã, 28 morteiros, segundo o Exército israelense, foram disparados contra Israel a partir de Gaza.
Depois destes 28, outros tiros foram interceptados.
Em um raro comunicado conjunto, o movimento Hamas e a Jihad Islâmica reivindicaram os ataques com morteiros e foguetes que resultaram nesta escalada de represálias.
Esses lançamentos foram uma resposta a disparos israelenses prévios, explicaram. Esses "crimes israelenses não podem ser tolerados de nenhuma maneira", disseram as organizações.
"Todas as opções estão abertas", acrescentou o texto.
A maioria dos projéteis palestinos foram interceptados pelo sistema de defesa antiaéreo israelense "Domo de Ferro", segundo o Exército. Não houve vítimas, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu uma resposta vigorosa.
"O Exército israelense responderá com força a esses ataques", prometeu em uma conferência no norte de Israel, pouco antes dos ataques aéreos.
As Forças Armadas de Israel anunciaram que bombardearam mais de 30 "alvos militares" na Faixa de Gaza como resposta aos disparos de morteiros a partir de Gaza.
Fontes palestinas disseram que pelo menos uma posição do Hamas e quatro pertencentes a um grupo aliado, a Jihad Islâmica, foram visados, aparentemente sem causar vítimas.
Jornalistas da AFP observaram vários disparos contra o enclave, incluindo pelo menos um na própria cidade de Gaza.
Em um comunicado, o Hamas explicou que "o que a resistência fez esta manhã faz parte do direito natural de defender nosso povo".
"A ocupação israelense é inteiramente responsável por uma possível escalada", acrescentou.
Os Estados Unidos solicitaram uma reunião de urgência do Conselho de Segurança, que deve acontecer na tarde de quarta-feira, de acordo com a missão americana na ONU.
A Faixa de Gaza vive um novo aumento das tensões desde 30 de março e o início de uma mobilização denominada a "grande marcha do retorno", que levou a confrontos ao longo da fronteira entre Gaza e Israel. Pelo menos 121 palestinos foram mortos por tiros israelenses desde então.
- Ação "pacífica" -
Israel, o Hamas e seus aliados travaram três guerras desde 2008. Eles observam um cessar-fogo desde 2014.
O comitê que organiza a "marcha do retorno" mobilizou esta manhã vários barcos de pesca no porto de Gaza.
Quase 20 pessoas, estudantes e feridos aguardando tratamento, deixaram o porto de pesca da cidade, em frágeis embarcações enfeitadas com bandeiras palestinas.
De acordo com um dos membros do comitê por trás da iniciativa, a flotilha "não vai ultrapassar a zona marítima autorizada", mas outros militantes sugeriram que tentariam cruzar as nove milhas náuticas, além da qual vários pescadores palestinos foram mortos pela Marinha israelense no passado.
Centenas de palestinos se reuniram no cais para assistir à partida dos barcos, enquanto os alto-falantes tocavam músicas patrióticas.
Pouco antes da partida, Ehab Abou Armana, um dos passageiros, gritou em voz alta para a multidão de uma pequena plataforma: "Vocês não podem realizar seus sonhos apenas esperando. Esta é uma mensagem a todo que estão com fome, que foram feridos. Nós somos uma nação, nós merecemos mais! É melhor morrer de cabeça erguida do que joelhos diante do ocupante".
"Trata-se de uma ação pacífica, absolutamente não dirigida contra Israel", explicou à AFP Isam Hammad, um dos membros do comitê organizador.
O enclave está sob um estrito bloqueio israelense terrestre, aéreo e marítimo há mais de uma década, o que Israel justifica pela necessidade de conter o Hamas.
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