A Justiça argentina considerou que o procurador Alberto Nisman foi assassinado como consequência de sua denúncia contra a então presidente e atual senadora Cristina Kirchner, em uma sentença divulgada nesta sexta-feira (1) pelo Centro de Informação Judicial (CIJ).
Martín Irurzún, um dos dois juízes da Sala II da Câmara Federal (apelações), considerou que "à primeira vista acredita-se que Nisman foi assassinado e que o evento foi um resultado direto da denúncia feita em 14 de janeiro, 2015 como titular da Unidade Fiscal AMIA" contra Kirchner e vários de seus funcionários.
A Câmara Federal confirmou uma sentença de primeira instância do juiz federal Julián Ercolini que em dezembro passado havia ditado que Nisman foi assassinado e havia processado o seu colaborador em informática Diego Lagomarsino como "participante fundamental" do homicídio.
O procurador Nisman, que investigou por uma década o atentado ao centro judaico AMIA que deixou 85 mortos e 300 feridos em Buenos Aires em 1994, foi encontrado morto em 18 de janeiro de 2015, com um tiro na cabeça no banheiro de seu apartamento.
Sua morte aconteceu dias após a apresentação de uma denúncia na qual acusou Kirchner e vários de seus funcionários de encobrir iranianos acusados como responsáveis pelo ataque.
A ex-presidente e seus funcionários estão sendo processados em outro caso paralelo pela assinatura em 2012 de um memorando com o Irã que buscava investigar em Teerã os acusados iranianos. O memorando nunca foi aplicado porque não foi aprovado pelo Parlamento iraniano.
Por quase dois anos, a morte do procurador foi investigada pela instância comum, que não conseguiu determinar se foi suicídio ou homicídio. No final de 2016 foi para o âmbito federal, onde a tese do assassinato avançou.
Quando foi encontrado morto, ao lado do corpo de Nisman havia uma pistola Barsa 22, da qual saiu a bala e que o procurador havia pedido a Lagomarsino, que foi processado desde o início por tê-la emprestado.
Em dezembro passado, o juiz Ercolini o processou como participante necessário no suposto assassinato e ordenou restrições a sua mobilidade.
A Câmara Federal confirmou nesta sexta a decisão de Ercolini, que incluiu ações contra quatro policiais, acusados de incumprimento de deveres públicos, que deveriam fazer a segurança do procurador no fim de semana do crime.