Jornal Estado de Minas

Justiça proíbe matar cachorros para consumo da carne na Coreia do Sul

Matar cachorros para obter sua carne é ilegal, decidiu um tribunal na Coreia do Sul, onde os defensores dos animais acreditam que a decisão pode significar um primeiro passo para a proibição do consumo.


A carne canina é parte da tradição culinária da Coreia do Sul, onde quase um milhão de cães são consumidos por ano, de acordo com estimativas.


A tradição, no entanto, está em queda. Um número cada vez maior de sul-coreanos considera o cachorro um amigo do homem e não um animal de fazenda destinado à mesa.


A prática é um tabu para os mais jovens, mas o tema ocupa uma zona cinzenta a nível jurídico ante a ausência de uma proibição específica.


Antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, em fevereiro, as autoridades alegaram regras sanitárias e leis de proteção aos animais que proíbem métodos cruéis para sacrificar animais em granjas e restaurantes.


A associação de defesa dos animais, Care, denunciou uma unidade da cidade Bucheon acusada de violar a regulamentação sanitária, as normas de construção e matar animais sem motivo.


O tribunal declarou a culpa da granja e o pagamento de multa de três milhões de wons (2.650 dólares).


Kim Kyung-eun, advogado da Care, celebrou a decisão de abril que foi divulgada esta semana.


"É muito importante porque é a primeira decisão da justiça que estipula que matar cães por sua carne é ilegal por si só".


"A decisão abre o caminho para que o consumo de carne canina seja declarado completamente ilegal", completou.


A diretora da Care, Park So-youn, disse que pretende fazer um censo para apresentar ações similares no país.


Um deputado apresentou esta semana um projeto de lei na Assembleia Nacional que proíbe de fato o consumo da carne de cachorro.


Alguns sul-coreanos, no entanto, criticam a iniciativa e citam o peso cultural. A carne canina é considerada energética pelos defensores do consumo.


Uma pesquisa de 2017 mostrou que 70% dos sul-coreanos não comem carne de cachorro, mas apenas 40% são favoráveis à proibição do consumo.


Os números refletem as divisões em outras sociedades asiáticas. Na China começa nesta quinta-feira o festival anual de carne canina de Yulin, alvo de críticas ocidentais.


Taiwan proibiu no ano passado o consumo de carne de cão.


A decisão de Bucheon irritou os criadores.


"É um escândalo. Não podemos aceitar uma decisão que afirma que matar cães por sua carne é igual a matar animais por capricho", declarou Cho Hwan-ro, representante de uma associação de criadores que deseja a legalização do consumo e a autorização de matadouros específicos.

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