O exército sírio lançou nesta terça-feira uma ofensiva contra os rebeldes na cidade de Deraa após uma semana de bombardeios mortais em áreas próximas no sul do país em guerra, o que causou um êxodo maciço de civis.
Depois de assumir em abril o último reduto rebelde perto de Damasco e de expulsar os jihadistas da capital, o regime de Bashar al-Assad, com o apoio da Rússia, está determinado a recuperar as zonas rebeldes do sul, na fronteira com a Jordânia e as Colinas de Golã, parcialmente ocupadas por Israel.
Desde semana passada, os combates e ataques aéreos se concentram no leste da província de Deraa, cuja capital carrega, forçando a fuga de cerca de 45 mil de acordo com a ONU.
A violência rapidamente atingiu a cidade de Deraa, dividida entre um setor governamental e bairros controlados por rebeldes.
"O exército sírio ataca postos e fortificações de terroristas em Deraa", informou a televisão estatal. Colunas de fumaça subiam acima de vários bairros, alvos de ataques aéreos e fogo de artilharia, segundo um correspondente da AFP presente na periferia da cidade.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) relatou ataques de forças aéreas sírias e russas contra "áreas rebeldes", igualmente alvejadas por barris explosivos lançados pelo regime.
Os combates no terreno se concentram no sudeste da cidade, de acordo com o OSDH, que confirmou uma "primeira operação militar terrestre do regime na cidade de Deraa".
"O regime tenta assumir o controle de uma base militar ao sul da cidade, a fim de cortar a estrada entre Deraa e a fronteira com a Jordânia", indicou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
Antes do amanhecer, as tropas de Assad tomaram duas localidades, um avanço que lhe permitiu cortar os setores rebeldes no leste da província.
Ainda no leste da província, forças do regime avançaram até os limites da cidade de Hirak, alvo de dezenas de ataques aéreos e barris de explosivos.
No oeste da província, seis civis foram mortos nos bombardeios, de acordo com o OSDH. Um total de 38 civis morreram em uma semana, segundo a ONG.
Os grupos rebeldes controlam 70% da província de Deraa e da vizinha Quneitra, enquanto o regime domina a região de Sueida, a terceira dessas regiões que formam o sul da Síria.
Mas o regime, que registrou recentemente uma série de vitórias, reassumiu o controle de 65% do território, em parte graças ao apoio de seu aliado russo.
A ONU alertou que 750 mil civis que vivem em áreas rebeldes do sul da Síria estão ameaçados pelas operações do regime e anunciou que enviaria ajuda a Deraa assim que as autoridades sírias autorizassem.
"Nos últimos dias, um grande número de civis fugiu por causa das hostilidades, bombardeios e combates na região", disse Linda Tom, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
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