Jornal Estado de Minas

Salvando o coala com ciência

O icônico coala da Austrália, cuja existência está ameaçada por doenças, incêndios florestais, atropelamentos e ataques de cães, tem pela frente um futuro mais promissor graças aos cientistas que estão decifrando seu código genético, disse um estudo nesta segunda-feira.

Um esforço gigantesco de mais de 50 pesquisadores em sete países revelou 26.558 genes de coalas, fornecendo pistas vitais de DNA para vacinas contra doenças como a clamídia, sexualmente transmissível, que cega estes animais e os deixa inférteis.

"O genoma nos permitiu entender os genes da imunidade do coala em detalhes pela primeira vez", disse Rebecca Johnson, do Australian Museum Research Institute, coautora do estudo publicado na revista científica Nature Genetics.

"Esses genes estão contribuindo diretamente com as vacinas para os coalas", disse à AFP.

O código de DNA também poderia impulsionar os programas de reprodução de coalas.

A pesquisadora afirmou que a consanguinidade era maior entre os coalas de Victoria e da Austrália Meridional do que entre seus primos de Queensland e Nova Gales do Sul.

A descoberta "nos permite fazer recomendações sobre como preservar as populações com alta diversidade genética e como os animais podem ser transportados para melhorar a diversidade de populações endogâmicas", disse Johnson.

Das entre 15 e 20 espécies que existiam cerca de 30 a 40 milhões de anos atrás, uma única espécie de coala sobrevive na Austrália hoje - cerca de 330.000 indivíduos no total, em sua maioria vivendo em áreas protegidas.

Apenas 43 mil podem ser deixados em estado selvagem, em comparação com o número estimado de 10 milhões de coalas antes dos europeus começarem a se estabelecer na região, em 1788.

O número de coalas foi dizimado em parte por um próspero comércio de peles dos anos 1870 até o final da década de 1920.

A União Internacional para a Conservação da Natureza qualifica o status de proteção do coala como "vulnerável".

Os coalas são marsupiais - mamíferos que criam seus filhotes em uma bolsa abdominal.

Sua dieta consiste principalmente em folhas de eucalipto, que seriam tóxicas para a maioria dos animais e são pobres em calorias, o que significa que esses animais precisam comer muito e descansar com frequência.

O novo estudo identificou genes responsáveis pela desintoxicação do fígado que provavelmente permitiram que os coalas encontrassem esse nicho de dieta, evitando a competição por alimentos com outros animais.

Infelizmente, esse regime alimentar quase exclusivo tem suas desvantagens, já que os torna particularmente vulneráveis ao desaparecimento das florestas de eucalipto, afetadas pelo desmatamento e desenvolvimento urbanístico.

O aquecimento global, segundo especialistas, aumentará ainda mais o risco de incêndios florestais devastadores e morte de árvores.

O genoma do coala é o mais completo já sequenciado entre os marsupiais, dos quais existem cerca de 300 espécies, disseram os pesquisadores.

O genoma do coala é maior que o genoma humano, com cerca de 20.000 genes.

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