Jornal Estado de Minas

Navios dos EUA buscam piloto da II Guerra Mundial no Mediterrâneo

A 18 metros de profundidade, diante da ilha mediterrânea da Córsega, uma equipe de arqueólogos americanos, auxiliada pela Marinha francesa, busca os restos de um piloto que caiu no mar na Segunda Guerra Mundial para cumprir a promessa de levar todos seus militares de volta para casa.

"É uma questão de honra para o exército americano: não deixamos para trás os que caíram no campo de batalha. É uma promessa que cumpriremos, inclusive hoje, 75 anos depois", explica à AFP Simon Hankinson, o cônsul-geral dos Estados Unidos baseado em Marselha (sudeste), que acompanha de perto as buscas a partir de Pluton, o navio-base dos mergulhadores da marinha francesa.

Diante da costa oriental da ilha da Córsega, ao sul de Bastia, dez mergulhadores franceses e dez americanos exploram desde 25 de junho até esta terça o fundo do Mediterrâneo em busca de restos que permitam identificar o piloto de um caça P-47 Thunderbolt que caiu no mar em 1944. A 30 metros dali, repousa outro P-47, mas seu piloto conseguiu sair da aeronave.

Descoberta nos anos 1980, a aeronave em que as buscas se concentram foi fotografada em 2012 por um mergulhador. "Estes projetos de recuperação levam anos", explicou à AFP Dan Friedman, tenente da Marinha americana, responsável por esta missão de busca para a agência americana de Defesa POW/MIA Accounting Agency (DPAA).

Esta agência do Departamento de Defesa americano foi encarregada de encontrar os corpos de 83.000 militares americanos prisioneiros de guerra ou caídos nos combates desde a Segunda Guerra Mundial; 27.500 estariam no Mediterrâneo, dos quais 8.000 poderiam, segundo estimativas, ser encontrados.

- 'Fechar um capítulo da história' -

Debaixo d'água, os mergulhadores franceses tentavam recuperar, na segunda-feira, com a ajuda de uma máquina aspiradora, os sedimentos em volta do aparelho, delimitado minuciosamente por seus colegas americanos.

"Aplicamos os mesmos métodos que em arqueologia terrestre, é preciso ser muito minuciosos e precisos para não deixar passar nenhum osso ou detalhe", explica o comandante do Pluton.

Colocados em uma caixa metálica que flutua na superfície, estes sedimentos são depois transferidos a dúzias de frascos que depois são revisados por especialistas americanos.

"Separamos as provas potenciais que submetemos a uma limpeza profunda para ver se há um número de série", explica Ezra Swanson, um engenheiro do exército americano de 30 anos, enquanto busca com suas mãos em meio a pequenos pedaços metálicos.

Todos esses elementos vão ser enviados mais tarde a dois laboratórios da DPAA, situados no Havaí e Nebraska, para serem submetidos a testes de DNA.

"É como uma investigação policial, são provas, não podemos revelá-las enquanto o caso não estiver resolvido", aponta Peter Bojakowski, arqueólogo submarino da DPAA, que confia em que o piloto será identificado "tendo em conta a quantidade de provas encontradas".

Entre os elementos levados até agora à superfície, há "um fragmento da placa pessoal de identificação do piloto, solas de borracha, seu relógio e ossos", detalha à AFP o comandante do Pluton.

Estas descobertas serão decisivas. "Quando são descobertos os restos de alguém que morreu há 75 anos, é avassalador para a família (...), mas permite fechar um capítulo da história", aponta o cônsul.

Os restos do piloto serão enterrados, como deseja sua família, no cemitério nacional de Arlington, em Virgínia, ou em um dos cemitérios americanos na França.

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