Rússia, China e os países europeus se reúnem nesta sexta-feira (6) em Viena com autoridades iranianas para fazer propostas concretas que permitam salvar o acordo nuclear firmado em 2015 com a República islâmica, do qual os Estados Unidos se retiraram.
"Fizemos uma oferta que consideramos atraente" para que o Irã continue negociando com empresas europeias, apesar do anúncio de retomada das sanções americanas, declarou à imprensa o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Mass, antes do início da reunião na capital austríaca. Ele não deu detalhes sobre a oferta.
A reunião começou às 9h GMT (6h, horário de Brasília).
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, reduziu as expectativas, porém, e considerou que as medidas propostas pelos europeus para compensar os efeitos da retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear do Irã não são satisfatórias.
Em uma conversa por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron, "Rouhani declarou que o pacote proposto pela Europa ao Irã para continuar sua cooperação no âmbito do JCPOA não respondiam a todas as exigências da República Islâmica", informou a agência oficial de notícias iraniana Irna.
O presidente iraniano acrescentou, contudo, que "espera" que a reunião desta sexta em Viena dos ministros das Relações Exteriores dos cinco países que continuam dentro do acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) com seu colega iraniano "permita satisfazer todas as demandas iranianas para que o país prossiga em sua cooperação no âmbito do acordo".
O acordo histórico de 2015 submete o Irã a um estrito controle de suas atividades nucleares com o objetivo de impedir que o país se dote da arma atômica. Em troca, seriam suspensas as sanções internacionais contra o Irã com a perspectiva de novos investimentos.
À saída dos americanos do pacto, anunciada em maio, somaram-se fortes ameaças de sanções contra todos aqueles que fizerem negócios com Teerã.
Depois de ter ameaçado, em várias ocasiões, retomar suas atividades de enriquecimento de urânio, o Irã tenta obter compensações econômicas por parte dos europeus diante da retirada de Washington.
- Impossível compensação total -
"Esta não será a última discussão" sobre este tema com o Irã, admitiu Mass, reconhecendo que os europeus "não podem compensar tudo".
"Mas querem mostrar ao Irã que uma retirada teria mais desvantagens do que se manter" no acordo, acrescentou.
Desde que o governo Trump denunciou o texto, a perspectiva de retorno das sanções americanas fez os investidores estrangeiros começarem a fugir.
O fabricante automotivo francês Peugeot e o armador dinamarquês de navios petroleiros Maersk Tankers se preparavam para deixar o país. A francesa Total pode se retirar de um projeto de desenvolvimento do grande campo petroleiro iraniano Pars Sud.
Teerã não esconde sua impaciência. "O tempo de negociações está acabando", advertiu, no início de junho, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani.
O aiatolá Ali Khamenei exigiu uma garantia para as vendas iranianas de petróleo e para as transações comerciais.
A Europa se encontra, assim, submetida a uma dupla pressão: a de Teerã, que precisa de investimentos estrangeiros para recuperar sua economia, e a de Washington, que pode impor sanções contra suas empresas e privá-la do acesso ao mercado americano.
Prova de que há urgência - as primeiras sanções americanas serão reimpostas em agosto - é que Rouhani esteve em Genebra e em Viena esta semana, onde defendeu que o acordo seja salvo.
"Enquanto for possível para o Irã, continuaremos fazendo parte do acordo. Não abandonaremos o JCPOA, com a condição de que possamos nos beneficiar dele", afirmou Rouhani.
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