Jornal Estado de Minas

Pompeo diz que sanções a Pyongyang são mantidas até desnuclearização total

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou neste domingo (8), em Tóquio, que as sanções em vigor contra a Coreia do Norte serão mantidas até que o país conclua o processo de desnuclearização.

As sanções vão continuar ativas até uma "desnuclearização completa e totalmente verificável", disse Pompeo a jornalistas, durante coletiva de imprensa em Tóquio que se seguiu a uma reunião com seus contrapartes japonês, Taro Kono, e sul-coreana, Kang Kyong-wha.

Pompeo chegou na noite de sábado à capital japonesa para prestar contas a seus dois contrapartes e aliados regionais sobre os dois dias de negociações com Pyongyang, que considerou "muito produtivas", embora os norte-coreanos tenham tachado de "muito lamentável" a atitude de Washington.

Mais cedo neste domingo, o secretário de Estado se reuniu com o chefe da diplomacia japonesa, Taro Kono, após o que tuitou: "reunião construtiva com o ministro japonês das Relações Exteriores esta manhã para falar da aliança americana-japonesa, pedra angular da estabilidade regional, e manter pressão máxima sobre a Coreia do Norte".

Pompeo, que também se reunirá com o premiê japonês, Shinzo Abe, e participará de uma reunião trilateral com os ministros das Relações Exteriores japonês e sul-coreano, não comentou as declarações emitidas pela Coreia do Norte.

O secretário de Estado, que referiu-se às conversações de dois dias com a Coreia do Norte para desmantelar o arsenal nuclear de Pyongyang como "muito produtivas", havia acabado de partir para Tóquio quando o ministro norte-coreano das Relações Exteriores, Ri Yong Ho, criticou as "exigências ávidas" e o que chamou de uma atitude "extremamente lamentável" de Washington.

"A atitude americana e as posições tomadas durante as discussões de alto nível na sexta-feira e sábado foram extremamente lamentáveis", declarou o ministério das Relações Exteriores norte-coreano, em comunicado citado pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.

- Otimismo -

Muito mais otimista, Pompeo revelou poucos detalhes novos sobre como a Coreia do Norte poderia cumprir com seus compromissos para uma "desnuclearização", mas considerou que houve muitos progressos.

"Estes são assuntos complicados, mas progredimos em quase todos os assuntos centrais. Em alguns temas progredimos muito, em outros ainda há mais trabalho por fazer", disse.

Pompeo fez estas declarações após concluir, em Pyongyang, diálogos de mais de oito horas em dois dias com Kim Yong Chol, conselheiro do dirigente norte-coreano, Kim Jong Un, com o objetivo de concretizar o prometido plano de desnuclearização.

"Conversamos sobre o que os norte-coreanos continuam fazendo e como podemos fazer todo o possível para alcançar o que o líder Kim e o presidente Trump concordaram, que é a desnuclearização total da Coreia do Norte", apontou.

"Ninguém se afastou desse objetivo, eles ainda estão empenhados. O líder Kim ainda está comprometido. Eu tive a oportunidade de falar com o presidente Trump esta manhã", acrescentou sobre uma ligação que fez ao deixar o local das reuniões.

"Eu sei que meu colega também falou com o líder Kim durante as nossas negociações. Tivemos negociações produtivas, de boa fé", garantiu.

Depois do encontro, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos viajou para Tóquio, onde pretende informar os chanceleres do Japão e da Coreia do Sul sobre os resultados das conversações.

- De concreto -

No entanto, em termos práticos, Pompeo indicou apenas que autoridades dos dois países vão se reunir em 12 de julho em um grupo de trabalho para discutir a repatriação dos restos mortais de alguns soldados americanos mortos durante a Guerra da Coreia (1950-1953).

Também informou que fizeram alguns progressos sobre "as modalidades" da destruição de uma instalação de mísseis pela Coreia do Norte.

O objetivo da reunião era estabelecer uma agenda detalhada para "desnuclearização completa" da península coreana, como anunciaram na reunião histórica de 12 de junho em Singapura o presidente americano, Donald Trump, e Kim Jong Un.

As conversações de sábado aconteceram em uma residência de um complexo oficial perto do mausoléu onde estão os corpos dos ex-dirigentes da Coreia do Norte, Kim Il Sung e Kim Jong Il - avô e pai do atual líder do país.

Autoridades norte-coreanas deram a Pompeu uma carta pessoal para que seja entregue ao presidente Donald Trump, esperando que "as relações formidáveis e o sentimento de confiança" entre ambos os dirigentes sejam reforçadas pelas discussões, indicou o ministério norte-coreano das Relações Exteriores em um comunicado.

Pyongyang "distingue entre os burocratas americanos e o presidente Trump, expressando sua confiança neste último", analisou o professor Yang Moo-Jin, da Universidade de Estudos Norte-coreanos de Seul.

"Não se trata de romper os diálogos. O Norte tenta tomar a dianteira nas negociações futuras", explicou à AFP.

"A Coreia do Norte esperava de Pompeu que aportasse uma proposta concreta de garantia da segurança, mas decepcionou-o que os americanos tenham reiterado sua antiga demanda de desnuclearização primeiro, antes de os Estados Unidos qualquer coisa em troca", avaliou.

Washington espera que o processo de desnuclearização seja ativado este ano.

Mas muitos especialistas e críticos do presidente Trump consideram que a promessa do dirigente norte-coreano durante a cúpula não é crível e que o processo, mesmo começando, pode levar anos.

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