O presidente americano, Donald Trump, chegou nesta quinta-feira (12) ao Reino Unido para uma visita de quatro dias longamente esperada pelo governo de Theresa May e que estará, no entanto, cercada por hostis manifestações.
Embora vá se hospedar na Winfield House, a residência do embaixador dos Estados Unidos perto de Regent Park, no centro de Londres, seu programa evitará a capital britânica, onde os protestos se concentrarão.
Assim, os encontros com a primeira-ministra Theresa May e a rainha Elizabeth II serão na mansão de Chequers e no castelo de Windsor, respectivamente, ambos fora da capital.
Esta tarde, o presidente assistirá a uma cerimônia militar, antes de participar, junto com sua mulher, Melania, de um jantar de gala com empresários no Palácio de Blenheim, uma casa de campo perto de Oxford. Nela, em 1874, nasceu Winston Churchill, primeiro-ministro durante a Segunda Guerra Mundial.
Trump e May darão uma entrevista coletiva na sexta-feira e, no domingo, o presidente americano viaja para Helsinque, onde se reúne com o presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira.
- Londres se apega à 'relação especial'
O governo britânico está ansioso para demonstrar que há vida além da União Europeia (UE) e que a famosa "relação especial" com os Estados Unidos poderia se traduzir em ambiciosos acordos comerciais, um desejo que coincide com a presença de um presidente americano protecionista na Casa Branca.
"Quando deixarmos a União Europeia, começaremos a traçar uma nova direção para o Reino Unido no mundo, e nossas alianças mundiais serão mais fortes do que nunca", disse May sobre a viagem.
"Não há aliança mais forte do que nossa relação especial com os Estados Unidos e não haverá aliança mais importante nos próximos anos", acrescentou.
O embaixador americano em Londres, Woody Johnson, disse que o acordo comercial será "uma prioridade maior" para Trump, quando o Brexit se materializar, em março de 2019.
Pouco afeito aos protocolos diplomáticos, Trump já protagonizou, porém, várias divergências com May. Assim, o embaixador Woody Johnson teve de correr para explicar, na quarta-feira, a afirmação do presidente de que o Reino Unido vive "em plena tempestade", após a renúncia de dois pesos-pesados do Executivo por discordância sobre o Brexit.
"Há sempre tempestades em todos os países, mas não, não, acho que o Reino Unido age da mesma maneira que sempre fez", declarou o diplomata, interrogado pela BBC.
"É um país muito seguro de si mesmo, um país muito capaz. Confiamos plenamente na capacidade do Reino Unido de resolver o problema do Brexit e passar para outra coisa", acrescentou, saudando a "extraordinária relação" que une Londres e Washington.
- Bebê Trump gigante -
Um balão gigante representando Donald Trump como um bebê flutuará nos céus de Londres durante a visita do presidente americano na semana que vem, depois da autorização do prefeito londrino, Sadiq Khan. Ele teve vários embates com Trump nas redes sociais.
Em um artigo publicado no Evening Standard, Khan escreveu que a relação especial "também significa se expressar quando pensamos que uma parte não está à altura dos valores que tanto apreciamos".
"Como muitos londrinos, sinto que esta é uma dessas ocasiões", afirmou.
O balão de seis metros de comprimento do bebê Trump ficará a 30 metros de altura perto do Parlamento, entre as 9h30 e 11h30 de sexta-feira (5h30-7h30 no horário de Brasília).
Nesse dia à tarde, haverá uma grande manifestação em Londres sob o lema "Unidos contra Trump", além de vários atos em outros pontos.
"Organizaremos uma grande manifestação nacional contra sua política sexista, racista, bélica, de ódio e de negação da mudança climática", disseram os organizadores do protesto.
Ao ser questionado sobre essas manifestações, antes de partir para Londres, Donald Trump respondeu que os britânicos o "amam muito" e concordam com ele sobre imigração. "Acho que foi por isso que o Brexit aconteceu", completou.
Segundo uma pesquisa do Instituto YouGov publicada nesta quinta, porém, 77% dos britânicos disseram ter uma opinião desfavorável de Trump, 74% o consideram um sexista, e 63%, um racista.
Quase metade das 1.648 pessoas entrevistadas acredita que a rainha não deveria recebê-lo.