Jornal Estado de Minas

Cinco juízes suspensos e ministro destituído após áudios no Peru

Um escândalo provocado pelo vazamento de áudios com conversas entre altos magistrados do Peru fez suas primeiras vítimas, com a destituição do ministro de Justiça e suspensão dos cargos de cinco juízes e três funcionários judiciais, nesta sexta-feira (13).

O presidente Martín Vizcarra destituiu o ministro de Justiça, Salvador Heresi, após ser divulgada uma conversa sua com um magistrado envolvido no escândalo.

"Pela saúde da reforma do sistema de Justiça, solicitei ao ministro Heresi sua renúncia ao cargo", afirmou Vizcarra no Twitter. "Os momentos que o Peru vive requerem ações firmes".

Além de Heresi, pelo menos cinco juízes e três funcionários foram suspensos de seus cargos envolvidos na venda de sentenças revelada por áudios pulicados no último domingo pelo portal de jornalismo investigativo IDL-Reporteros e pelo programa de televisão Panorama, do Canal 5.

O Ministério Público e o poder Judicial abriram investigações por suposto tráfico de influências.

"É uma medida cautelar de suspensão do cargo (...) enquanto fazemos as investigações", disse a presidente do Escritório de Controle da Magistratura, Ana María Aranda, em coletiva de imprensa, sobre a suspensão dos magistrados.

O juiz suspenso de mais alto cargo é Walter Ríos, presidente da Corte Superior (de apelações) de Callao. O procurador anticorrupção Amado Enco vai pedir também sua prisão preventiva.

Aranda apontou que a investigação dos juízes vai durar seis meses.

Outro magistrado envolvido é César Hinostroza, da Corte Suprema, que entrou de férias após o escândalo vir à tona.

Em um áudio, ele pergunta se o acusado do estupro de uma menina quer "que reduzam a pena ou declarem que é inocente?".

O procurador Enco disse que Hinostroza também deveria ser preso, mas antes o Congresso precisa abrir uma acusação constitucional, porque ele integra a Suprema Corte.

Aranda afirmou que seu gabinete não tem competência para suspender ou investigar Hinostroza, que está proibido de deixar o país desde sexta-feira por decisão da Suprema Corte.

A gravação de uma conversa de Hinostroza com Heresi - na qual o titular da pasta da Justiça lhe solicita um conselho sobre um assunto legal e pede que vá falar com ele em seu gabinete - levou Vizcarra a demitir o ministro.

O presidente também decidiu nomear, nesta sexta-feira, uma comissão de sete juristas, encabeçada pelo ex-chanceler Allan Wagner, que apresentará em 12 dias uma proposta de reforma judicial.

O caso dos juízes é um "déjà vu" da história peruana recente. O vazamento de áudios ou vídeos gravados em segredo provocaram a queda de dois presidentes, Alberto Fujimori em 2000 e Pedro Pablo Kuczynski em março, além da suspensão há um mês do popular legislador Kenji Fujimori.

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