Em plena polêmica pelo encontro privado com Vladimir Putin em Helsinque, o presidente americano, Donald Trump, revelou nesta quinta-feira que convidou o líder russo para "continuar o diálogo", em Washington.
Segundo a Casa Branca, Trump instruiu seu conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, para que convide o presidente russo a Washington no outono (no Hemisfério Norte).
A porta-voz Sarah Sanders recordou que durante o encontro na Finlândia o presidente havia mencionado que esperava ter "um segundo encontro" com Putin.
"Espero por nosso segundo encontro para que possamos começar a implementar algumas das muitas coisas discutidas", escreveu Trump no Twitter, jogando mais lenha na polêmica gerada pela cúpula desta semana.
Após a reunião em Helsinque, Trump surpreendeu ao se negar a reconhecer ou condenar a interferência russa nas eleições americanas de 2016, provocando uma enxurrada de críticas tanto da oposição democrata quanto do seu Partido Republicano.
Entre os temas que os dois países devem continuar tratando, em Washington, Trump mencionou a "contenção do terrorismo, segurança para Israel, proliferação nuclear, ataques cibernéticos, Ucrânia, a paz no Oriente Médio, Coreia do Norte".
Acusado por seus detratores e também por muitos legisladores do próprio partido Republicano por ter sido excessivamente conciliatório com o líder russo, Trump atacou nesta quinta-feira os meios de comunicação, por terem ignorado o "grande sucesso" da cúpula na Finlândia.
"A cúpula com a Rússia foi um grande sucesso, exceto pelo verdadeiro inimigo, os meios de notícias falsas", escreveu Trump no Twitter nesta quinta-feira, retomando uma expressão particularmente agressiva já usada em 2017.
Trump acusou a imprensa de buscar uma "confrontação importante" com a Rússia, "que inclusive poderia levar a uma guerra", e denunciou a "imprudente dureza" da pressão da mídia.
Em meio à polêmica, o chefe da Inteligência dos Estados Unidos, Dan Coats, revelou nesta quinta-feira que não sabe o que foi conversado entre Trump e Putin em Helsinki.
"Não sei o que aconteceu nesta reunião, mas acredito que a medida em que o tempo passe, e como o presidente já mencionou algumas coisas, saberemos mais".
Coats, que supervisiona e coordena CIA, NSA e outras agências de Inteligência, declarou que ficou surpreso com o anúncio de que há discussões para um novo encontro entre Trump e Putin, na Casa Branca.
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Mais cedo, em Moscou, Putin denunciou as "forças" nos Estados Unidos "prontas para sacrificar as relações russo-americanas".
"Nós vemos que há forças nos Estados Unidos que estão prontas para, facilmente, sacrificar as relações russo-americanas em suas ambições", declarou Putin a embaixadores da Rússia reunidos em Moscou.
"Estas forças estão dispostas a sacrificar os interesses de seus aliados e, inclusive, as garantias de sua própria segurança", declarou Putin, recordando que o tratado contra a proliferação de armas nucleares - o New START - termina em 2021.
"Se não começarmos, a partir de hoje, o trabalho destinado a prorrogar este tratado, em um ano e meio este acordo vai terminar, deixará de existir".
"Precisamos de uma nova agenda positiva que nos permita realizar um trabalho comum, encontrar pontos de encontro. Falamos sobre isso, evidentemente, durante a reunião com o presidente americano, Donald Trump", acrescentou o chefe do Kremlin.
"Não apenas nossos dois povos, mas o mundo inteiro precisa disso. Como as duas principais potências nucleares, temos uma responsabilidade particular com a estabilidade estratégica e a segurança", advertiu Putin.
Depois de considerar na segunda-feira que sua reunião com Trump foi "muito bem-sucedida e muito útil", o presidente russo se referiu a uma mensagem publicado pelo presidente americano ontem de manhã no Twitter.
"Nos entendemos muito bem, o que incomodou algumas pessoas cheias de ódio que queriam ver uma luta de boxe", tuitou, prometendo "grandes resultados no futuro".