Jornal Estado de Minas

Aliança do Pacífico se reúne em meio a ameaças protecionistas

A Aliança do Pacífico, o grupo de livre-comércio formado por México, Chile, Colômbia e Peru, iniciaram nesta segunda-feira (23) sua cúpula, com declarações favoráveis ao livre-comércio, em um momento em que as posturas protecionistas afloram no mundo todo, principalmente nos Estados Unidos.

"Com esses novos dilemas (comerciais), o que temos que fazer é nos convencer mais sobre a abertura, sobre a integração através das cadeias de valor, temos que seguir, não fraquejar", disse a jornalistas o secretário mexicano da Economia, Ildefonso Guajardo, após uma reunião de ministros do grupo.

Esses países representam 38% do PIB da América Latina e, em conjunto, são a oitava economia mundial, com uma população de 223 milhões de habitantes.

Do encontro realizado no balneário de Puerto Vallarta participam o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e os chefes de Estado da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Peru, Martín Vizcarra, e do Chile, Sebastián Piñera.

No encontro, se espera a presença do presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, que foi convidado por Peña Nieto. Ele cancelou de última hora, porém, ao afirmar que não havia recebido o diploma formal que o reconhece como presidente eleito.

Yeidckol Polevnsky, a presidente do partido de López Obrador, Morena, disse que representam o novo governo no encontro o futuro chanceler, Marcelo Ebrard, a próxima ministra da Economia, Graciela Márquez, e Jesús Seade, nomeado o novo negociador mexicano do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

- Diversificando o comércio -

Para o México, a Aliança do Pacífico é importante, já que busca diversificar seu comércio, fortemente dependente dos Estados Unidos, para onde envia 80% de suas exportações.

O México atualmente revisa o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) com Estados Unidos e Canadá, em negociações que devem se estender até 2019.

Seade disse que o México deverá buscar uma forma de concluir a complexa negociação com os Estados Unidos e o Canadá, iniciada em agosto de 2017.

"O desenvolvimento técnico foi muito bom, todas as posições defendidas são as corretas, todas as posições rejeitadas são as corretas, mas têm uma base técnica, temos que encontrar a forma de levar isso a uma conclusão", disse à imprensa Seade, que foi nomeado para o cargo pelo presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador.

Também atualizou o acordo de livre-comércio com a União Europeia, vigente desde 2000, e é parte do Tratado de Associação Transpacífico, que foi ratificado em março passado, sem os Estados Unidos.

No entanto, não é o único país que busca ampliar seu comércio. Brasil, Argentina e Uruguai, países membros do Mercosul, buscam uma aproximação maior da Aliança do Pacífico. Participarão da cúpula o presidente Michel Temer e seus colegas argentino, Mauricio Macri, e uruguaio, Tabaré Vázquez.

Os líderes de centro-direita veem com bons olhos o livre-mercado e representam uma renovação ideológica na região, com exceção de Vázquez, um dirigente de esquerda.

O chanceler do Chile, Roberto Ampuero, disse que confia na permanência do México na Aliança do Pacífico com o governo do também esquerdista López Obrador.

"Os acordos que assinamos são acordos entre Estados e enfatizam elementos que vão muito além do que as distintas opiniões políticas dos governos nos momentos determinados", enfatizou.

A Aliança do Pacífico também chama a atenção internacional e, por ora, Austrália, Canadá, Singapura e Nova Zelândia buscam se converter em Estados associados do grupo.

Representantes desses países mantiveram um encontro com as quatro nações-membro no domingo, quando "revisaram os acordos da negociação comercial que estes oito países realizam e acertaram a forma para concluir o processo ainda este ano", segundo um comunicado da Secretaria de Economia do México.

O líder do influente Conselho Coordenador Empresarial (CCE) do México, Juan Pablo Castañón, ressaltou esse interesse internacional.

"Somos uma alternativa que dá ao mundo quatro países associados, que creem no livre comércio, se complementam e têm um enorme futuro na América Latina", afirmou à imprensa.

- Desafio protecionista -

Apesar do otimismo na Aliança do Pacífico, o grupo enfrenta desafios com as posturas protecionistas no mundo, em particular a dos Estados Unidos.

Este ano,o governo Donald Trump sobretaxou o aço do México, Canadá e da União Europeia, assim como vários produtos chineses, o que gerou represálias de seus sócios comerciais e o risco de uma guerra comercial.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu sobre os riscos das tensões comerciais para a economia global.

"Com esta onda de protecionismo, onde todos os países estão se voltando para políticas mais nacionalistas, a Aliança é uma plataforma importante", declarou à AFP Manuel Valencia, acadêmico do Instituto Tecnológico de Monterrey.

Lançado em 2012, o grupo de livre-comércio representa 50% do comércio total da América Latina, e é o maior exportador global de truta, abacate, goiaba e metais como o cobre e o chumbo.

Ao mesmo tempo, é o quinto receptor de investimento estrangeiro direto global.

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