A venda a domicílio de folhas de coca começou na cidade boliviana de Santa Cruz e fez tanto sucesso que tem perspectivas de ser replicada em outras regiões do país, disse nesta segunda-feira (23) o criador do serviço.
A demanda é alta, pois o mastigado de coca ("acullico" em quechua) é um costume ancestral em culturas indígenas andinas com fins religiosos e sociais. Usa-se para mitigar a fome e o cansaço, mas também é costume consumir a folha em festas, junto com bebidas alcoólicas.
"O negócio começou há dois meses. Até o momento, estamos indo bem: as pessoas telefonam e gostam do serviço. Se continuar assim, acho que vamos começar a nos expandir para outras províncias", explicou o proprietário da empresa, Michel Méndez, à AFP.
O "Bolivery", um jogo de palavras entre Bolívia e 'delivery' (entrega em inglês), é um serviço que leva em domicílio sacolas com folha de coca. Para isso são usadas quatro motocicletas.
Na Bolívia, o consumo e a venda de folha de coca, a matéria-prima da cocaína, é legalizado. No entanto, ainda não havia um serviço como este.
A ideia surgiu quando o próprio Méndez estava em uma festa com amigos que mascavam coca. Logo acabaram as folhas e eles não conseguiram encontrar uma forma de comprar mais do produto durante aquela noite.
"O consumo de folhas de coca é crescente em Santa Cruz, onde há muitos postos de venda", comentou Méndez, após explicar que seu mérito consistiu somente em unir duas realidades já existentes: "a coca sempre esteve aqui e o serviço de 'delivery' também".
O "Bolivery" comercializa folhas de coca parcialmente moídas em bolsas, misturadas com estévia (adoçante natural) ou bicarbonato. Os preços oscilam entre 3 e 4 dólares.
A empresa atende diariamente entre 80 e 100 pedidos, quantidade que se duplica de quinta-feira a domingo.
A entrega em domicílio é gratuita em algumas áreas de Santa Cruz (leste da Bolívia) ou é cobrado o custo de transporte, dependendo da distância.