O mais longo eclipse "lua de sangue" deste século começou nesta sexta-feira (27), coincidindo com a maior aproximação em 15 anos de Marte do nosso planeta, oferecendo um espetáculo celestial aos observadores no mundo todo.
"Tudo o que você precisa fazer é (...) sair ao ar livre!", Disse a Royal Astronomical Society (RAS), em Londres, acrescentando que binóculos serão úteis para observar o fenômeno.
Para cerca de metade do mundo, a lua estará parcialmente ou totalmente na sombra da Terra de 17h14 às 23h28 GMT (14h14 às 20h28 em Brasília) - seis horas e 14 minutos no total.
A duração do eclipse completo - conhecido como "totalidade", quando a lua parece mais escura - se estenderá das 19h30 às 21h13 GMT (16h30 às 18h13 em Brasília).
Ao mesmo tempo, Marte aparecerá perto da lua no céu noturno, facilmente visível a olho nu.
Os astrônomos amadores do hemisfério sul estarão melhor posicionados para apreciar o espetáculo, especialmente os do sul da África, Austrália, Índia e Madagascar, mas o fenômeno também será parcialmente visível na Europa e na América do Sul.
Na América do Sul, será visível na penumbra crepuscular de sexta-feira na costa oriental do continente, no Brasil, Uruguai e Argentina, embora o inverno austral possa complicar a observação do fenômeno.
Ao lado do Lago Magadi, 100 quilômetros ao sul da capital queniana, Nairóbi, o casal Susan Murabana e Chu Owen montaram seu telescópio de alta potência para a comunidade local assistir ao evento.
O lago isolado está longe da poluição luminosa urbana, o que o torna um local perfeito para a observação dos astros.
"Marte, Plutão, Saturno, Júpiter, Vênus - e Mercúrio, esse é o que eu realmente queria ver", disse Owen, 39 anos, enquanto usava o aplicativo Sky Map em seu celular para localizar planetas.
"O que eu estou realmente animado para ver são os planetas", acrescentou.
O site www.timeanddate.com também mostra os locais e horários exatos do eclipse, conforme ele se move de sexta até sábado.
Corpos celestes se alinham
Nosso planeta vizinho aparecerá extraordinariamente grande e brilhante, a apenas 57,7 milhões de quilômetros da Terra em sua órbita elíptica em torno do Sol.
"Temos uma rara e interessante conjunção de fenômenos", disse Pascal Descamps, astrônomo do Observatório de Paris, à AFP.
"Devemos ver uma tonalidade vermelha acobreada na lua, com Marte, o 'Planeta Vermelho', logo ao lado, muito brilhante e com um leve tom alaranjado".
Um eclipse lunar total acontece quando a Terra se posiciona em uma linha reta entre a lua e o sol, tapando a luz solar direta que normalmente faz o nosso satélite brilhar com um amarelo esbranquiçado.
A lua viaja para uma posição similar a cada mês, mas a inclinação de sua órbita faz com que ela normalmente passe acima ou abaixo da sombra da Terra - então, na maioria dos meses, temos uma lua cheia sem um eclipse.
Quando os três corpos celestes estão perfeitamente alinhados, no entanto, a atmosfera da Terra dispersa a luz azul do sol, enquanto refrata ou curva a luz vermelha sobre a lua, geralmente dando-lhe um rubor rosado.
Isso é o que dá ao fenômeno o nome de "lua de sangue", embora Mark Bailey, do Observatório de Armagh, na Irlanda do Norte, afirme que a cor pode variar muito.
Depende em parte de "quão nubladas ou transparentes estão aquelas partes da atmosfera da Terra que permitem que a luz do Sol chegue à Lua", disse à AFP.
"Durante um eclipse muito escuro a lua pode ficar quase invisível. Eclipses menos escuros podem mostrar a lua como cinza escuro ou marrom (...), como cor de ferrugem, vermelho-tijolo, ou, se muito brilhante, vermelho-cobre ou laranja", acrescentou.
A longa duração deste eclipse se deve em parte ao fato de que a lua fará uma passagem quase central através da umbra da Terra - a parte mais escura e central da sombra.
Nosso satélite também estará no ponto mais distante de sua órbita da Terra, fazendo com que seu movimento pelo céu fique mais lento de nossa perspectiva, passando assim mais tempo no escuro.
Marte provavelmente aparecerá como uma estrela muito brilhante.
"No meio de um eclipse lunar, pode parecer que um planeta vermelho passou a residir perto da Terra - e eles são ambos misteriosos e belos", disse Robert Massey, da RAS.